“Pedro Machado não gosta de se pôr em bicos de pés só para ser visto”

José Santalha - Presidente PS Lousada
José Santalha, presidente da Comissão Política Concelhia, em fim de mandato, nesta entrevista ao TVS, considera que Pedro Machado tem perfil técnico e político para ser um dos candidatos possiveis às próximas eleições autárquicas. O chefe de gabinete da Câmara de Lousada considera mesmo que a Coligação Lousada Viva e em especial o presidente do PSD, Agostinho Gaspar mostra demasiada inquietação e ansiedade ao preocupar-se com os possíveis candidatos do PS.
José Santalha, a propósito da carta enviada pelo número dois do executivo socialista aos munícipes, sai em defesa de Pedro Machado e acusa o PSD e CDS-PP de dizer tudo o que querem, ainda que falso ou demagógico, sem que ninguém os desminta. No que toca às criticas ao endividamento, uma bandeira que tem sido sistematicamente agitada pela direita, lembra que só por má-fé se pode dizer que o passivo da câmara é galopante. Nesta matéria remete para o anuário financeiro dos municípios portugueses 2010 da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, salientando que o endividamento líquido do município é de 9.851.858 euros e que o município aparece nos 50 com o endividamento líquido mais baixo, e no Vale de Sousa é o município com menor endividamento líquido. A este propósito salienta, também, que a autarquia lousadense é na região o concelho que executa mais obras por administração direta, reduzindo substancialmente o custo destas, o que obriga à existência de colaboradores.

TVS: O atual vice-presidente e vereador da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado, é apontado como um possível candidato à autarquia lousadense. Considera que ele reúne as condições para protagonizar uma candidatura pelo PS?
José Santalha: Pedro Machado, sem qualquer dúvida, tem perfil para protagonizar uma candidatura do PS, se essa for a decisão do partido. Embora considere que o PS tem outras pessoas com perfil para assumir uma candidatura, se a escolha do partido vier a recair em Pedro Machado, e este aceitar esse desafio, será para mim uma grande satisfação pessoal porque fui eu quem o propôs a integrar a lista no anterior mandato, proposta da qual me orgulho porque veio a revelar-se uma mais-valia para o executivo.

TVS: Já foi realizado algum convite formal por parte da estrutura concelhia do partido? Os militantes do partido revem-se no seu trabalho?
JS: Só após as eleições internas para a concelhia do PS Lousada é que será definida a candidatura às autárquicas. Se Pedro Machado quer assumir esse compromisso e se tem condições para o fazer, ao nível pessoal e familiar, é uma questão à qual só ele pode responder. Sem falsas modéstias, acho não só que os militantes do partido se revem no seu trabalho, como também a maioria dos Lousadenses que não associam o trabalho autárquico a partidos.

TVS: Como é que define o trabalho realizado pelo atual vice-presidente?
JS: Pedro Machado é um homem sério que ao longo destes dois mandatos tem demonstrado uma capacidade de trabalho acima da média, para além de uma elevada competência técnica e sensibilidade humana, domina perfeitamente todos os dossiês municipais e demonstra uma grande capacidade para ouvir.
É uma pessoa com ideias muito claras e com um discurso conciso e de verdade, Muito discreto, que não gosta de se pôr em bicos de pés só para ser visto. Neste, como em muitos outros aspetos, é parecido com Jorge Magalhães.

TVS: O líder do PSD Lousada, Agostinho Gaspar, disse não estar convicto da escolha de Pedro Machado para protagonizar uma candidatura à autarquia. Quer comentar?
JS: É uma opinião que Agostinho Gaspar expressou, em jeito de retaliação, após a distribuição da carta que Pedro Machado enviou à população. Agostinho Gaspar mostra demasiada inquietação e ansiedade ao preocupar-se com os possíveis candidatos do PS.

TVS: É expetável que possam surgir outras escolhas? Quais os candidatos que estariam em lugar elegível ou que poderiam protagonizar uma candidatura à autarquia, caso Pedro Machado não avance?
JS: Nesta altura tudo é expectável. De momento não há candidatos elegíveis ou não elegíveis, mas sem dúvida que existem diversas pessoas com qualidades para protagonizar uma candidatura pelo PS.

TVS: Cristina Moreira e Eduardo Vilar, poderiam ser uma aposta da estrutura socialista para protagonizar um duelo com o candidato da oposição?
JS: Como já referi o Partido tem no seu seio pessoas com muita qualidade, nas quais se incluem a Cristina Moreira e o Eduardo Vilar, dois vereadores já com provas dadas da sua competência e empenhamento.

TVS: Preocupa-o o resultado obtido pela Coligação nas eleições de 2009?
JS: O PS Lousada obteve nas últimas eleições mais uma maioria esmagadora e cresceu em número de votos.

TVS: Está preparado para a possibilidade do PS perder as eleições?
JS: São cenários que não traço por antecipação, é uma decisão que está nas mãos dos Lousadenses e eles já demonstraram que, sempre que são chamados a decidir, decidem com clarividência, não dando relevo a promessas demagógicas.

TVS: Neste cenário considera que tem condições para continuar à frente da Comissão Política Concelhia?
JS: Estou no meu último mandato, pelo que nas próximas autárquicas já será outra pessoa que estará à frente da Comissão.

TVS: O PS estaria disponível para trabalhar com o candidato vencedor qualquer que fosse a sua posição político-partidária?
JS: O Partido Socialista está e estará sempre disponível por Lousada. O poder não é um fim em si mesmo. O objectivo do PS Lousada não é perpetuar o poder, mas antes continuar a contribuir para o desenvolvimento do nosso concelho e para o bem-estar dos Lousadenses.

TVS: O que pensa do trabalho realizado pelo atual presidente da câmara?
JS: O presidente é claramente uma referência do poder local no país.

“A Coligação PSD/CDS muda de opinião ao sabor do vento e do tempo”

TVS: Como responde às críticas feitas no que toca ao parque urbano, requalificação da vila e ao complexo desportivo de Lousada. Acha que estamos perante obras faraónicas?
JS: Há uns anos atrás, a Coligação PSD/CDS dizia que Lousada era o único concelho que não tinha um parque urbano. Quando a obra começou a ser feita disseram que era desnecessária. Agora já dizem que está a ser feita no local errado. Em que ficamos?
O mesmo aconteceu com o centro urbano da Vila. Eramos criticados por não renovar o espaço público, quando municípios vizinhos o fizeram. Agora que surgiu a oportunidade e a obra se encontra em execução continuamos a ser criticados…
Quanto ao complexo desportivo, há uns anos atrás diziam que ia ser um elefante branco. Os milhares de atletas que passaram e continuam a passar pelo complexo obrigaram a Coligação PSD/CDS a abandonar essa crítica. Agora dizem apenas que estão preocupados com as despesas de funcionamento do complexo.
A coligação PSD/CDS tem como principal objectivo criticar o executivo socialista, nem que para isso tenha que ignorar ou desvalorizar o que de melhor tem o nosso concelho, ou tenha que mudar de opinião ao sabor do vento e do tempo.

TVS: Qual a posição do PS quanto à proposta do Governo da Reforma da Administração Local e aos critérios publicados no documento Verde? Acha que o concelho de Lousada sairá seriamente afetado com esta proposta?
JS: A posição do PS Lousada mantem-se inalterada desde o princípio. É frontalmente contra a proposta da Reforma Administrativa apresentada no livro verde, continuando a manter a mesma posição em relação à proposta de lei apresentada pelo Governo. Quer num documento, quer noutro, não se trata de uma reforma da Administração Local, mas sim da extinção de freguesias. Assim sendo só é possível fazer a reforma escutando as respetivas populações para que tenham uma participação ativa no processo. É obvio que a extinção de freguesias provocará sempre prejuízos às populações. Em relação aos gastos o próprio Governo reconhece que a reforma não tem como objetivo a redução de despesas. Não acho que vá melhorar os serviços públicos, antes pelo contrário, uma vez que nas freguesias extintas as populações locais deixarão de ter a proximidade que atualmente existe com os presidentes de Junta.
O PS Lousada lamenta o seguidismo do PSD Lousada. Com efeito, logo que foi conhecida a primeira proposta, constante do Livro Verde, o PSD Lousada, motivado por preocupações meramente eleitorais para as autárquicas de 2013, apressou-se a fazer contas, a pegar numa régua e esquadro e a desenhar mapas de novas freguesias. Aliás, o PSD Lousada convidou o PS a sentar-se à mesa para negociar uma proposta para apresentar ao Governo!
O PSD devia, isso sim ter manifestado junto do Governo a posição de que esta reforma não serve os interesses das populações. Aliás, numa postura lamentável de quem está comprometido com a estrutura partidária, a coligação PSD/CDS escusou-se a apresentar na última Assembleia Municipal o seu parecer sobre a reforma administrativa.

TVS: Quais os desafios que a estrutura concelhia e o PS têm pela frente nos próximos tempos?
JS: Os desafios da estrutura concelhia mantem-se inalteráveis e passam por honrar o passado e contribuir para garantir o melhor futuro possível para os Lousadenses, num contexto de dificuldades cada vez mais evidentes.

TVS: Qual é a posição do PS Lousada face ao desemprego jovem no concelho?
JS: No que concerne à taxa de desemprego, embora Lousada apresente uma das taxas mais baixas da região, há motivos para grande preocupação.
O desemprego jovem é um flagelo nacional cabendo, em primeiro lugar, ao Governo a determinação de medidas de incentivo e promoção do emprego.
Entendemos que o trabalho desenvolvido pela Câmara de Lousada nesta matéria é de louvar e destacar. Os três Gabinetes de Inserção Profissional que funcionam nos Paços do Concelho, o da ADASM (Associação para o Desenvolvimento e Apoio Social de Meinedo) e no CLDS (Contrato local de Desenvolvimento Social) representam um apoio personalizado e direto entre os desempregados e os empresários na procura de novos postos de trabalho. Por outro lado, convém salientar as várias sessões de procura ativa de emprego que se realizam promovidas pela autarquia com convidados experientes e reconhecidos, para além, das ofertas formativas e de empego que são dadas a conhecer através dos GIP.

Autor: Miguel Ângelo