Hoje, 38 anos passados sobre a "Revolução dos Cravos", dou por mim a pensar que, nos meus 10 anos de idade pouco me apercebi do que se estava a passar naquele dia: Lembro-me de estar a jogar à bola na rua e me terem dito que o "nosso" primeiro Ministro Marcelo Caetano, estava preso, com o canhão de uma "Chaimite" apontada à cabeça!
O que eu sabia do regime era pouco, mas era sobretudo relacionado com a guerra colonial, pois tive vizinhos que foram e não voltaram. Que foram e vieram "marados". E que, às escondidas da censura, conseguiam - que eu vi - trazer ou mandar fotos de corpos estropiados (brancos e negros) pela guerra.
Depois do 25 de abril propriamente dito, lembro-me de uma espécie de "caça às bruxas" e das vinganças populares aos conhecidos PIDEs da minha terra de então, Valongo. Vi gente a correr, fugindo das pedras dos populares.
Este fenómeno fez despoletar em mim um grande interesse pelo fenómeno do 25 de abril e da democracia. Até hoje, sinto e luto por estas simples ideias: democracia, ou seja, pluralismo de ideias, não às guerras coloniais ou outras, não às censuras, não às polícias políticas.
Porque houve este movimento de capitães que mudou o país, eu e os meus irmãos não fomos à guerra, que era um sonho muitas vezes repetido pela minha mãe, à mesa. Os meus filhos e os filhos de muitas mães também ficaram sem este "fardo". Só por isso, valeu a pena!
Viva o 25 de abril de 1974!
Domingos Moreira