Lata

"Luís Filipe Menezes fez um ataque violento ao anterior governo, pelo “descalabro” da governação socialista. O antigo líder do PSD quis mesmo atingir José Sócrates, um dos nomes que ainda não tinha sido proferido no congresso laranja.
Menezes fez um paralelo entre o percurso de vários políticos para dar uma estocada no antecessor de Pedro Passos Coelho: “O primeiro-ministro Cavaco Silva hoje é Presidente da República; António Guterres, que falhou, é presidente de uma instituição das Nações Unidas, Durão Barroso cumpriu o seu dever é presidente da Comissão Europeia; o engº Sócrates é aluno estudante em Paris…” E acrescentou: “Pelo menos em Sorbone não se fazem exames ao domingo”…
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A governação socialista foi um descalabro, Menezes tem 300% de razão, em especial a partir daquela altura em que Sócrates levou o Lehman Brothers à falência e deu ordens a Teixeira dos Santos para rebentar com a AIG na primeira oportunidade, coisa que o ex-futuro administrador não executivo da PT fez em poucos dias. O resto é História, e a Grécia que o diga que está cheia dela, tendo esta dupla continuado a afundar a economia mundial e a Eurolândia até Junho de 2011, quando finalmente foram corridos pela gente séria.

Menezes atinge os 1000% de razão quando compara o percurso de alguns líderes políticos com o de Sócrates. E até podia ter ido um bocadinho mais longe.

  • Por exemplo, Cavaco não se limita a ser o Presidente da República, é também o patrono da “Inventona das Escutas”, entre outras habilidades nunca antes vistas em Belém.
  • Por exemplo, Durão Barroso não se limita a ser o presidente da Comissão Europeia, é também aquele tipo que disse consistir a sua maior ambição na vida chegar a primeiro-ministro, e que depois de lá se apanhar fez algo que igualmente nunca tínhamos visto em S. Bento: fugiu a meio do mandato para ir ganhar mais e deixou o seu partido e o País entregue ao Santana Lopes.
  • Por exemplo, Santana, que Menezes não referiu apenas por falta de tempo, não se limita a ser uma figura que liderou o PSD e o Governo, é também aquele político que alimentou um boato acerca da suposta homossexualidade do seu maior adversário eleitoral, algo que, novamente, marca uma estreia no panorama político nacional e que mais do que justifica o prémio de usar a Santa Casa da Misericórdia para andar por aí a ser misericordioso.
  • Por exemplo, Marques Mendes, que Menezes igualmente teve de omitir por falta de tempo, não se limitou a ser um zeloso operacional do Cavaquistão, é também na actualidade um dos mais fervorosos adeptos das escutas ilegais a políticos seleccionados e sua divulgação em pasquins do laranjal.
  • Por exemplo, Menezes foi de uma modéstia exemplar ao não se incluir neste comparativo, pois ao contar 9 meses como presidente do PSD estaremos perante o recorde da liderança partidária mais curta em Portugal, um feito que poderá ser inscrito no Guiness Book sem espinhas.

Que fez Sócrates quando o impediram de conseguir destruir o Universo inteiro? Foi estudar. Isto é algo que leva um gajo do PSD a mijar-se a rir. Pois cabe lá na cabeça de alguém ir estudar aos 50 anos e depois de ter passado tanto tempo na mama do poder, a falar com este, beber copos com aquele, almoçar com a outra, jantar com os bacanos e tal e coiso e coiso e tal? É surreal. O que Sócrates deveria ter feito, e os direitolas estavam mortinhos para que isso acontecesse, era ter ido para um daqueles empregos em que se anda muito de avião entre hotéis de luxo. Esse é o ideal máximo para qualquer social-democrata que não queira passar por totó junto dos seus amigos. Obviamente, se Sócrates tivesse aceitado algum convite para uma coisa dessas, passaria imediatamente a traidor da Pátria e a gente séria não mais se calaria na denúncia desse criminoso que tinha usado o Governo só para se promover. Assim, como voltou à escola, e pese o choque e a desorientação inicial, a elite do PSD usa o Correio da Manhã e o Expresso para o espiarem e devassarem, sempre alimentando a esperança de que venha a ser preso por gastar dinheiro em Paris.

Ver Menezes a tentar achincalhar, para gáudio de centenas de companheiros de partido reunidos em assembleia, uma pessoa livre que escolhe ser aluno entre alunos tendo tantos outros caminhos à sua disposição depois de um percurso político que a prestigiou internacionalmente é como ver o Sol a nascer e os rios a correrem da nascente para a foz. É constatar que a natureza tem muita força. E que nunca se engana nem nos engana.

in: Câmara Corporativa