Bolas de Cristal

Confrontado com a percepção de que já todos sabemos das falsidades emanadas do Governo e com o incumprimento de todas as suas promessas eleitorais, escudado num acordo de resgate por si exigido e que aos poucos transforma em coisa diferente da que foi negociada (e onde o PSD teve papel determinante) por um Governo em gestão sem alternativa, depois de ter visto derrotado por todos os Partidos representados na Assembleia da República e pela indiferença do Presidente da República uma proposta de solução apresentada pelos nossos parceiros europeus, Passos Coelho entrou agora na fase do não comprometimento.

O homem não sabe que quando se traça um projecto há que definir metas e nem sequer imagina que entre os instrumentos para previsão dos resultados de qualquer plano existem indicadores da evolução dos riscos assumidos, existem medidas de mitigação desses riscos e têm de existir planos de salvaguarda para o caso das ameaças passarem a configurar constrangimentos.

A triste figura que um decisor político (ou qualquer gestor) faz ao não se comprometer com metas para obtenção dos resultados é confrangedora. Tem sido essa miserável condição que levou o País à situação em que se encontra.

Ouvir Passos Coelho dizer que não se compromete porque não tem uma bola de cristal é compreender que andamos à deriva e que todas as medidas até agora tomadas mais não são do que um conjunto desgarrado de miserabilidades destinadas a ganhar (passar o) tempo, como se o tempo esgotado fosse algo que se ganhasse.
 
in: Barbearia do Sr Luís