1 - Os resultados das eleições do passado domingo, não foram nada surpreendentes. Desde início me parecia que a abstenção iria ser astronómica e o PS ganharia confortavelmente.
Ainda assim, existem ilações a retirar.
A campanha foi notoriamente miserável. Culpas existem de todas as partes, mas sinceramente a campanha da dupla Rangel/Melo centrou-se no miserabilismo de ideias e no mero ataque pessoal e sectário. Eram os discursos inflamados de dedos em riste, o “vírus” e o despesismo socialista, o Sócrates, mais Sócrates e Sócrates. Ideias para a Europa –zero. O resultado foi o que se viu. O discurso de derrota foi o único momento em que não se ouviram referências aos socialistas ou a Sócrates.
As campanhas eleitorais sucedem-se e políticos com tanta experiência, ainda não perceberam que este tipo de posicionamento tende a ter, sempre, o efeito contrário. Quando se movem campanhas negras contra algo ou alguém, deixando-se de discutir política e soluções, o resultado é destruidor para quem promove tais comportamentos.
Já o PS, ganhou, derrotou sozinho a direita. Direita que de uma vez por todas, mais vale formar apenas um partido único, tais são as constantes coligações/fusões/uniões dos dois partidos que já se confundem com a liderança bicéfala, estilo Bloco de Esquerda. Por outro lado, a vitória do PS é clara, mas deveria ser mais elucidativa.
Existiu um sinal inequívoco. O sistema político e eleitoral que vigora está ultrapassado. A abstenção e os votos de protesto em partidos menores, como aconteceu com a eleição de Marinho Pinto, é sintomática.
Outro sinal veio do LIVRE. A típica “esquerda caviar” foi amplamente derrotada. Dá sempre mau resultado, quando alguém sai de um partido em litígio e forma uma “nova corrente” para se candidatar exatamente ao mesmo lugar de onde saiu. O povo não é ignorante e castigou Rui Tavares.
2 - Mesmo não existindo uma ampla relação entre Europeias/Legislativas com as Autárquicas, em Lousada, passados meses das últimas eleições para os órgãos locais, o PS venceu claramente e de forma esclarecedora. Aqui o efeito de proximidade temporal com as autárquicas tem um ligeiro significado, mais do que as legislativas de 2015.
O PS venceu na maioria das freguesias (exceto 3) o que é um excelente resultado. Destaca-se a esmagadora vitória em Meinedo. Desfazem-se perentoriamente as “dúvidas” em Caíde de Rei. Extraem-se ótimas conclusões relativamente a Nespereira/Casais, Macieira, Lustosa/Santo Estêvão.
3 – O aspeto mais preocupante surge dos outros países europeus. No Reino Unido venceram os eurocéticos, na Grécia a extrema-esquerda que promete um vendaval anti-Euro, a Dinamarca exalta os nacionalistas.
França votou maioritariamente na extrema-direita. O partido promotor do “Ébola contra os imigrantes” coloca em sobressalto a Europa e também os nossos emigrantes. Por muito que tente ser ponderado, as ideias da Frente Nacional recaem em 2 pilares fundamentais – Racismo e Xenofobia. Num país com uma diversidade tão grande de povos, é ultrajante.
Nelson Oliveira
in: Verdadeiro Olhar