Governo de Barroso foi o que mais subiu dívida antes do subprime
O ex-primeiro ministro português, José Durão Barroso, veio hoje dizer na qualidade de Presidente da Comissão Europeia que a crise atual do país deve-se, acima de tudo, a "escolhas económicas que foram prosseguidas que não conseguiram resolver os problemas estruturais da competitividade portuguesa" e que "levaram a uma acumulação de dívida pública que pura e simplesmente não era sustentável".
As declarações do responsável, proferidas através de uma mensagem gravada na conferência da TSF/OTOC, contrastam com a dinâmica passada da dívida, que começou a ser mais desfavorável nos anos em que Durão esteve à frente do poder, em Portugal.
Uma revisitação da série histórica do rácio da dívida pública permite constatar que, até rebentar a crise financeira (em 2007/2008), o agravamento do fardo do endividamento em percentagem do produto coincidiu com a liderança das coligações PSD/CDS de Durão Barroso (2002 a 2004) mais os oito meses de Pedro Santana Lopes à frente do Governo, uma vez que Durão deixou Portugal para ir para Bruxelas.
Mais: de acordo com as bases de dados da Comissão Europeia, o rácio da dívida pública violou pela primeira vez a fasquia dos 60% do PIB, imposta pelo Pacto de Estabilidade, em 2004. Depois de ter oscilado na casa dos 50% entre 1990 e 2003, o rácio da dívida acabou por furar o teto dos Tratados em 2004.
Assim, o período dos governos de Durão Barroso/Santana Lopes foi responsável por um agravamento do rácio da dívida de 8,1% do PIB, um valor que compara com os 4% mais do último Governo de Cavaco Silva (PSD, de 1991 a 1994), com a redução em menos 5,5% do PIB durante o primeiro Governo de António Guterres (PS, de 1995 a 1998) ou mesmo o aumento em mais 6,5% do PIB entre 2005 a 2007, ano em que rebentou a crise do subprime, que depois se tornou de crédito, bancária e das dívidas soberanas.
in: Dinheiro Vivo