Ao longo dos últimos tempos temos assistido à completa degradação da imagem de quem ocupa altos cargos na política nacional e internacional. Seja pela forma como conduziram e conduzem o país (qualquer que seja a sua cor partidária) ou então pela incapacidade de solucionar os problemas mais urgentes da população, parecendo até que pugnam mais pelos interesses da classe política do que do povo.
Em meados de janeiro deste ano, o parlamento teve uma excelente oportunidade para “chamar à pedra” aquele a quem os membros do Governo atribuem as maiores responsabilidades face ao atual estado do país – José Sócrates. O tantas vezes denominado “fugitivo de Paris” estava na disposição de depor na Comissão Parlamentar de Inquérito às famosas PPP e por incrível que pareça, o PSD pela voz do deputado Emídio Guerreiro, declarou “não valer a pena chamar José Sócrates a depor”(???).
Pois bem. Depois de tanta acusação e de tanta crítica, era bom que José Sócrates fosse chamado a depor, mas pelos vistos o próprio partido do Governo não quer.
Em que ficamos? Afinal de contas, o “fugitivo” voltava de livre vontade, não se encontrava refugiado num país africano como pelos vistos se encontra um conselheiro de Estado. Qual o motivo de rejeitarem esta presença? Haverá algum receio?
Penso que qualquer cidadão, onde me incluo naturalmente, exigiria que Sócrates fosse ouvido e caso houvesse o mínimo sinal de crime deveria ser acusado e julgado como outra qualquer pessoa. Isto era o que se sucederia num qualquer país, dito civilizado.
O problema é que infelizmente Portugal, continua a ter esta tendência natural para não responsabilizar ninguém que tenha exercido cargos com alta responsabilidade. Todos sabemos que é mais fácil ir para a cadeia uma pessoa que tenha “roubado” 5 mil euros do que 5 mil milhões de euros. Continuamos toda a vida com a conversa do “meu partido é melhor que o teu” mas todos tem os seus “exemplares” que deitam por terra qualquer tipo de argumentação e nunca ninguém é responsabilizado. Ou então, quando chega a verdadeira altura de o fazerem, há um clima de protecionismo interpartidário que todos tentam manter.
Um exemplo crasso de tudo isto é o escândalo do BPN, mais uma vez na ordem do dia. Cavaco Silva, como Presidente da República, nunca explicou como conseguiu ações valorizadas em 140% num banco que muita gente referiu ter servido para financiar negócios fraudulentos e enriquecer um conjunto de amigos e mais do que conhecidos por todos nós. No final, acontece o mesmo de sempre e Portugal não é caso único - um banco vai à falência e quem paga é o povo porque como todos sabem, a melhor forma de assaltar um banco é administra-lo.
Não se percebe porém, a tendência crónica do Governo, em premiar os ex-governantes do BPN e SLN (ninguém se esqueceu das nomeações para a Caixa Geral de Depósitos). Na última semana, Franquelim Alves foi indigitado Secretário de Estado. A mesma pessoa que em 2009, em plena Comissão Parlamentar admitiu ter tido conhecimento de atividades fraudulentas no BPN e não as comunicou.
Ou seja, o Governo no meio de 10 Milhões de cidadãos escolheu para Secretário de Estado uma pessoa ligada a uma das maiores burlas da história do país. Um prémio de reconhecimento, certamente.
Quando muita gente procura fugitivos há quem não os queira ver em Portugal a depor. Outros há, que nem é preciso procura-los porque estão no Governo.
E continuam os Portugueses a assistir a estas movimentações que parecem nunca acabar no seio da política ao mais alto nível, envolvendo todos os partidos. Depois ninguém se admire que enquanto este tipo de situações continuarem a ocorrer, as pessoas ficam cada vez mais afastadas e descrentes.
Nelson Oliveira
Em meados de janeiro deste ano, o parlamento teve uma excelente oportunidade para “chamar à pedra” aquele a quem os membros do Governo atribuem as maiores responsabilidades face ao atual estado do país – José Sócrates. O tantas vezes denominado “fugitivo de Paris” estava na disposição de depor na Comissão Parlamentar de Inquérito às famosas PPP e por incrível que pareça, o PSD pela voz do deputado Emídio Guerreiro, declarou “não valer a pena chamar José Sócrates a depor”(???).
Pois bem. Depois de tanta acusação e de tanta crítica, era bom que José Sócrates fosse chamado a depor, mas pelos vistos o próprio partido do Governo não quer.
Em que ficamos? Afinal de contas, o “fugitivo” voltava de livre vontade, não se encontrava refugiado num país africano como pelos vistos se encontra um conselheiro de Estado. Qual o motivo de rejeitarem esta presença? Haverá algum receio?
Penso que qualquer cidadão, onde me incluo naturalmente, exigiria que Sócrates fosse ouvido e caso houvesse o mínimo sinal de crime deveria ser acusado e julgado como outra qualquer pessoa. Isto era o que se sucederia num qualquer país, dito civilizado.
O problema é que infelizmente Portugal, continua a ter esta tendência natural para não responsabilizar ninguém que tenha exercido cargos com alta responsabilidade. Todos sabemos que é mais fácil ir para a cadeia uma pessoa que tenha “roubado” 5 mil euros do que 5 mil milhões de euros. Continuamos toda a vida com a conversa do “meu partido é melhor que o teu” mas todos tem os seus “exemplares” que deitam por terra qualquer tipo de argumentação e nunca ninguém é responsabilizado. Ou então, quando chega a verdadeira altura de o fazerem, há um clima de protecionismo interpartidário que todos tentam manter.
Um exemplo crasso de tudo isto é o escândalo do BPN, mais uma vez na ordem do dia. Cavaco Silva, como Presidente da República, nunca explicou como conseguiu ações valorizadas em 140% num banco que muita gente referiu ter servido para financiar negócios fraudulentos e enriquecer um conjunto de amigos e mais do que conhecidos por todos nós. No final, acontece o mesmo de sempre e Portugal não é caso único - um banco vai à falência e quem paga é o povo porque como todos sabem, a melhor forma de assaltar um banco é administra-lo.
Não se percebe porém, a tendência crónica do Governo, em premiar os ex-governantes do BPN e SLN (ninguém se esqueceu das nomeações para a Caixa Geral de Depósitos). Na última semana, Franquelim Alves foi indigitado Secretário de Estado. A mesma pessoa que em 2009, em plena Comissão Parlamentar admitiu ter tido conhecimento de atividades fraudulentas no BPN e não as comunicou.
Ou seja, o Governo no meio de 10 Milhões de cidadãos escolheu para Secretário de Estado uma pessoa ligada a uma das maiores burlas da história do país. Um prémio de reconhecimento, certamente.
Quando muita gente procura fugitivos há quem não os queira ver em Portugal a depor. Outros há, que nem é preciso procura-los porque estão no Governo.
E continuam os Portugueses a assistir a estas movimentações que parecem nunca acabar no seio da política ao mais alto nível, envolvendo todos os partidos. Depois ninguém se admire que enquanto este tipo de situações continuarem a ocorrer, as pessoas ficam cada vez mais afastadas e descrentes.
Nelson Oliveira
in: TVS