O Governo mais pequeno da Humanidade

No governo mais pequeno da história da Humanidade, no meio de tantas remodelações, demissões e desistências, restam meia dúzia de militantes do PSD/CDS que nunca foram Secretários de Estado.


3 novos secretários de Estado tomam hoje posse às 15.00



José Maria Teixeira Leite Martins, João Almeida e António Manuel Costa Moura são os novos secretários de Estado da Administração Pública, da Administração Interna e da Justiça, respectivamente, de acordo com uma nota da Presidência da República.

Falar verdade, Sr. Primeiro Ministro ?!

Passos Coelho na mensagem de Natal, referiu entre outras coisas que Portugal tinha criado 120 mil novos empregos.

Como o i explica na edição de hoje, a verdade é que Passos Coelho enganou-se em cerca de 100 mil postos de trabalho (coisa pouca!), uma vez que "O ano de 2013 registou a criação de 21,8 mil empregos líquidos entre Janeiro e Setembro, segundo os dados disponíveis mais recentes"

Passos ou transmite ignorância, ou esperteza de quem quer ludibriar as pessoas. Está mais do que visto que se baseou nos números do desemprego para fazer estes cálculos e não nos números do emprego.

Os ditos "120 mil" foram obtidos com a diminuição do desemprego, pelas razões mais do que conhecidas e, como que por magia, o nosso Primeiro Ministro começou a campanha eleitoral de 2015.

Passos Coelho deveria assumir que 100 mil destes "novos empregos" foram criados sim, mas em França, Suiça, Inglaterra, Estados Unidos, etc, através da emigração em massa (120 mil emigrantes portugueses este ano).

Falar verdade! Onde é que já ouvimos isto?

Entrevista do Presidente da CM Lousada - Dr. Pedro Machado, ao jornal TVS.

"Temos como objetivo primordial ajudar a população mais necessitada"

"Há uma aposta óbvia no investimento municipal, tentando que este funcione como um mecanismo contraciclico dada a atual situação da economia. Um claro exemplo disso é a construção dos 7 Centros Escolares"
"Os presidentes de Junta, sempre que necessitam, têm a oportunidade de falar comigo para analisarmos as suas dificuldades"

"Lanço o repto ao PSD/CDS Lousada, para que junto dos dois deputados Lousadenses afetos ao seu partido, pressionem o seu Governo, exigindo a diminuição dos impostos"

"Se alguém tentou partidarizar os Conselhos Gerais das Escolas, não foi certamente o PS. É altura de perceberem que a campanha eleitoral terminou em Setembro"


Quer Público ou Privado? Que educação será esta?

David Cunha
A notícia não é nova, mas para não variar muito, face aquilo que estamos habituados a ver, o nosso governo decidiu avançar com uma ajuda substancial às escolas privadas, introduzindo o conceito de “cheque-ensino”, num país onde o serviço público perde verbas a cada dia que passa.

A verdade é que este “cheque-ensino” é uma forma silenciosa de acabar com o ensino público no nosso país.
Vejamos a recente reação do Primeiro-ministro Sueco quando assumiu o erro de ter dado tanto relevo ao ensino privado e querer agora nacionalizar as escolas suecas, de forma a recuperar a qualidade do ensino, refletida negativamente no recente relatório PISA?

A Suécia, tem sido um país onde a nossa opinião pública se remete para identificar tudo o que é bom, mesmo sem qualquer conhecimento profundo ou verificabilidade. Basta dizermos que algo foi adotado num país nórdico para toda a gente se render sem sequer questionar a veracidade dos factos.

Ainda assim, neste “país exemplar”, com a privatização sucessiva do Ensino começou a existir uma maior seleção dos melhores alunos por parte das escolas privadas rejeitando aqueles que supostamente não eram tão competentes, acabando logo com a idealização de igualdade e promoção da qualidade na totalidade dos estabelecimentos de ensino. Os resultados negativos, não se fizeram esperar.

Sabemos que isto também vai acontecer no nosso país. Sabemos também que este sistema nunca irá cobrir todo o território nacional devido à difícil situação económica que passamos e continuaremos a passar, logo nem todas as famílias terão a oportunidade da livre escolha. Sabemos que há um sentimento de repulsa por parte do Governo a tudo o que é serviço público e sabemos que aquilo que está em causa é a defesa ideológica de uma ideia pré concebida para defender as escolas privadas e desmantelar o ensino público.
É lamentável que aqueles que dizem não precisarem do Estado para nada, sejam os primeiros a quererem fazer depender a prosperidade dos seus negócios desse mesmo Estado. Mas que ideologia é esta?

Com isto tudo pergunto-me até quando o nosso ensino público durará e no que se irá tornar esta governação descabida e sem nexo dos senhores governantes que tentam neste momento implementar medidas educativas nórdicas que comprovadamente não resultaram.

É inacreditável como estamos sempre à procura do insucesso.

in: TVS

Será que algum cidadão fica sossegado com a atuação deste Governo?






Mais um episódio recorrente deste governo ao colocar classes umas contra as outras e passar incólume no meio da responsabilidade - (pobres contra ricos, trabalhadores públicos contra privados, jovens contra idosos, etc).




Dividir para reinar. A estratégia mais antiga da sociedade.

Educação: 'Nenhum pai fica sossegado com as cenas a que assistimos'





O bom e o mau socialista

O bom socialista é aquele que em diferentes circunstâncias diz as coisas sensatas que a direita gosta de ouvir: que é preciso rever a Constituição, fazer um pacto de regime, negociar um consenso com o Governo sobre as medidas de austeridade.

O bom socialista defende que “ o arco da governabilidade” se restringe à direita e ao PS.

O bom socialista revela abertura para um eventual governo de coligação com os partidos da direita, ou só com o CDS, ou uma reedição do “bloco central”.

O bom socialista é sensível, atento e moderno quanto à necessidade de imprescindíveis cortes e mudanças na Saúde, na Educação e na Segurança Social, tendo em vista diminuir o peso do Estado e dar lugar aos privados com apoio público.

O bom socialista aceita as “reformas” que tendem a transformar em assistencialismo a garantia de direitos sociais pelo Estado.

O bom socialista colabora em medidas que desvalorizam o trabalho em nome de um pretenso aumento da competitividade.

O bom socialista dá prioridade à estabilidade financeira em prejuízo do desenvolvimento económico e da coesão social.

O bom socialista aceita o aumento das desigualdades como consequência inevitável da globalização e considera que não há alternativa.

O bom socialista pensa que a divisão entre esquerda e direita não passa de um arcaísmo.

O bom socialista tem um vocabulário cuidado e evita palavras inconvenientes, não diz roubo, diz cortes, não diz desemprego, diz requalificação, não diz empobrecimento, diz ajustamento. E também não lhe ocorre falar em esquerda ou em socialismo, para além de se coibir, por uma questão de educação, de usar a palavra direita.

O bom socialista respeita a duração dos mandatos, haja o que houver, pois acha que a estabilidade política é um fim em si mesmo, ainda que à custa de instabilidade e crise em todos os sectores.

Obviamente o bom socialista não critica o senhor Presidente da República, nem a troika, nem os mercados, nem as instituições europeias, nem a bondade das políticas da senhora Merkel, mesmo que elas levem o país à ruina.

O bom socialista procura dizer frases que o ponham com setas para cima nos jornais ditos de referência. E acredita que o estatuto de bom político só lhe pode ser conferido pela direita.

O bom socialista não pode sequer ouvir falar de convergência com os partidos à esquerda do PS.

O bom socialista acha que o dr. Mário Soares é o maior político português, mas não devia ir para a Aula Magna promover iniciativas tendentes à convergência e mobilização dos descontentes com a política do governo.

O mau socialista teima em defender a Constituição, o Tribunal Constitucional e coisas tão arcaicas com o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, a Segurança Social, os direitos laborais, o direito à cultura, a igualdade de oportunidades.

O mau socialista persiste em dizer a palavra socialismo, repete constantemente a palavra esquerda, opõe-se a governo de coligação dentro do “arco da governabilidade” e recusa-se a fazer do PS o terceiro partido da direita.

O mau socialista acha que os direitos sociais são inseparáveis dos direitos políticos e que não há estabilidade política sem estabilidade e coesão social.

O mau socialista entende que nenhum órgão de soberania deve andar com outro ao colo e que o papel essencial do Presidente da República é ser o garante do regular funcionamento das instituições e o Presidente de todos os portugueses.

O mau socialista defende que a confiança dos eleitores é mais importante que a confiança dos mercados e que estes não podem sobrepor-se nem à democracia nem ao Estado.

O mau socialista vê a Europa como um projecto de paz e de prosperidade entre Estados soberanos e iguais e não como uma submissão dos mais frágeis ao mais forte.

O mau socialista tem a indiscrição de querer saber perante quem é que atroika responde e quem avalia as suas políticas. E pensa que neste momento o processo democrático e institucional da construção europeia está interrompido.

O mau socialista acredita que ser europeu não é dissolver a Pátria.

O mau socialista continua a considerar que a razão histórica de ser do socialismo é a emancipação politica, social, económica e cultural dos trabalhadores e de todos os desfavorecidos e oprimidos.

O mau socialista dá razão ao Papa Francisco quando este denuncia que o actual poder económico está a transformar-se numa nova tirania.

O mau socialista é politicamente incorrecto e sustenta que há sempre alternativas.

Eu, pecador, me confesso: sou um mau socialista.

Manuel Alegre
Fundador do PS
in: Público

Convocatória - Assembleia Concelhia da JS Lousada


Este país não é para jovens?

O título deste artigo de opinião é colocado propositadamente sobre forma de interrogação numa frase diversas vezes usada para descrever o Portugal de hoje. Uma ligação assimétrica com o cenário Hollywoodesco do filme vencedor de um Óscar - “No Country for Old Man”, onde um velho Xerife de uma pacata e deserta cidade no Texas tenta compreender uma série de assassinatos levados a cabo por um mercenário que procura dinheiro roubado.

Na realidade, os Portugueses, cansados e exasperados com tanta austeridade e sacrifícios, tentam compreender e agir face à debandada de milhares e milhares de pessoas, nomeadamente jovens que todos os meses abandonam o nosso país, também eles cansados de lutar por uma vida condigna na sua terra natal. Jovens que se esforçam, estudam e que acrescentam valor a Portugal, mas que são apanhados numa onda gigantesca de pura obsessão ideológica e financeira, que brevemente nos irá explodir nas mãos.

O bom aluno da Troika, será um brevemente um velho e teimoso aluno, já repetente e no qual ninguém deposita confiança ou esperança. Portugal, ao ver sair os jovens e pior que tudo, ao aceitar de ânimo leve essa saída, cava cada vez mais fundo a sua própria sepultura.

Não há planos ou soluções mágicas, mas é preciso uma reação concertada. É necessário batalhar junto dos organismos internacionais e em conjunto com países que perfilham as mesmas necessidades por uma solução óbvia e credível, impondo uma visão comum.

A postura mais do que repetida da alternância de opiniões dado o posicionamento governativo dos maiores partidos (PS e PSD) não transmite credibilidade junto de um povo ávido por soluções e descrente na política. Se observarmos a atitude dos elementos do PSD/CDS enquanto oposição, esta é completamente antagónica com a postura adotada hoje em dia enquanto Governo, e o mesmo reporta-se ao PS.

Causa-me uma certa perplexidade quando vemos nos dias de hoje, uma direita, nomeadamente nos municípios onde não é poder, defender recorrentemente uma redução absoluta de tudo o que é imposto, utilizando bonitos e vazios chavões sobre políticas de juventude ou emprego, mas em contrapartida grita contra os demagogos e inconscientes que pedem ao Governo a redução do IVA ou IRS, o aumento dos benefícios fiscais às famílias ou o apoio escolar nomeadamente no Ensino Superior, ou ainda que reagem contra a precariedade laboral, a redução direitos parentais ou a explosiva emigração jovem.

As recentes declarações vangloriosas acerca da descida consecutiva da taxa de desemprego, abate-se numa realidade onde saem de Portugal cerca de 10.000 pessoas por mês.

Enquanto todos os “xerifes” deste nosso Portugal não pensarem mais à frente, com rasgo, vigor e projeção futura, este pobre jardim plantado à beira mar tenderá a ficar deserto. A razão? Dinheiro…

A verdade é que… “a miséria não acaba porque dá lucro”.

in: Verdadeiro Olhar

Vida de Sarjeta

Enquanto continuarmos a competir economicamente com um país onde não existe qualquer tipo de direitos/dignidade social, o nosso futuro enquanto Europa próspera, está colocado em causa.
Na globalização da nova era, não pode valer tudo para chegar ao lucro.





As autoridades de Pequim, na China, descobriram que um homem passou cerca de duas décadas a viver debaixo da terra, com uma tampa de esgoto como única porta, com o objectivo de economizar dinheiro e pagar os estudos dos seus filhos, informou este domingo a rede de televisão estatal CFTV.

Até Sempre, Mandela


- «Lutei contra o domínio branco e contra o domínio negro. Persegui o ideal de uma sociedade livre e democrática onde todas as pessoas vivem juntas, em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal pelo qual espero viver e atingir. Mas, se for necessário, estou disposto e morrer por ele».

- «Da experiência de um anormal desastre humano que durou demasiado tempo tem de nascer uma sociedade da qual toda a humanidade se orgulhe».

- «Ninguém nasce a odiar o outro pela cor da pele, pela origem ou pela religião. As pessoas aprendem a odiar e, se podem aprender a odiar, também podem aprender a amar».

- «Nunca, nunca, nunca mais deverá esta terra fantástica voltar a sofrer a opressão de um homem sobre outro».

- «Tanto quanto brancos mataram negros, negros mataram brancos».

- «A supremacia branca implica a inferioridade negra».

- «No meu país, primeiro vai-se para a prisão, mas depois passa-se a Presidente».

- «Nunca considerei nenhum homem superior a mim, dentro ou fora da prisão».

- «Aprendi que o valor não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. Um homem valente não é aquele que não sente medo, mas o que se sobrepõe a ele».

- «A grandeza da vida não consiste em não cair nunca, mas em levantarmo-nos de cada vez que caímos».

- «Parece sempre impossível até que ser feito».

- «Depois de subirmos uma grande montanha, descobrimos que há muito mais montanhas para escalar».

- «Sempre soube que um dia voltaria a sentir a relva debaixo dos meus pés e que caminharia ao sol, livre».

- «A imprensa é um dos pilares da democracia».

- «Lutar contra a pobreza não é um assunto de caridade, mas de justiça».

- «A morte é algo inevitável. Quando um homem fez o que acreditava necessário pelo seu povo e pelo seu país, pode descansar em paz. Creio ter cumprido esse dever e, por isso, descansarei para a eternidade».

- «Haverá vida depois de Mandela».

À espera...

Por diversas vezes a política Portuguesa é criticada por apenas ser objeto de discussão os pontos negativos do nosso país.

Dados os excelentes resultados da Educação (face às políticas adotadas entre 2008/2009 e 2011), revelados esta semana pelo Relatório PISA, esperamos ("sentados") pela reação a estas boas notícias, por parte do Ministro Nuno Crato

Senhor Ministro eu fico com os estaleiros!

Exmo. Sr. Ministro da Defesa, Digníssimo Sr. Dr. Aguiar Branco,

Se V. Exa Sr. Ministro não se importar eu fico com os Estaleiro Navais de Viana do Castelo. Bem sei que já estou a chegar um pouco atrasado em relação ao suposto concurso mas não sabia que o negócio era para ser feito dessa forma. Sendo assim, também quero!

Eu já tinha ouvido comentar de outros negócios que o seu governo tem promovido de igual forma muito interessantes. Muito interessantes para quem fica com as coisas, entenda-se, não para Portugal e para os Portugueses. Ora como eu também sou portador do mesmo espírito de sacrifício que esses beneméritos que têm feito o favor de ficar com o património dos Portugueses desta vez dou eu o passo em frente e repito, se Vexa não levar a mal, eu fico com os estaleiros.

Pode perguntar o Sr. Ministro o que é que eu entendo de construção naval. Repondo com todo o gosto, até lhe agradeço a pergunta. Sei tanto quanto a Martifer, andámos a estudar o tema no mesmo sítio. Onde? Em lado nenhum Sr. Ministro, não entendemos mesmo nada de construção naval mas isso certamente não será impeditivo para que eu fique com os estaleiros, se para eles não é, mutatis muntandis, para mim também não pode ser.

Vamos então aos números Sr. Ministro, vamos ver como estão as contas dos candidatos. A Martifer tem um passivo que ultrapassa os 378 milhões de Euro, o meu é francamente inferior. A não ser que o seu critério seja eleger o maior devedor aqui ganho eu, devo muito menos.

O Sr. Ministro quer que quem fique com os estaleiros lhe pague 7 milhões até 2031, qualquer coisa como 415 mil Euro por ano ou, para ser picuinhas, uma renda mensal de 32.000 Euro. Está certo, aceito estes valores e até lhe faço um agrado que mais adiante explicarei.

O Sr. Ministro fica com os ossos do estaleiro ou seja paga do seu bolso, salvo seja, paga do bolso dos otários dos Portugueses os 450 milhões de euros que os estaleiros têm de passivo, resolve aquele questão chata do navio Atlântida e da divida que todos os dias aumenta por estar a ocupar uma doca no alfeite. É simpático da sua parte resolver estes problemas. Pessoalmente fico muito agradecido por me livrar dessas dores de cabeça que só me iam incomodar e preocupar.

Os trabalhadores que actualmente estão ao serviço dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo fará o Sr. Ministro o favor de os despedir e pagar o que houver a pagar, não é verdade? Parece que Vexa está a contar estoirar mais uns 30 milhões nisso. Uma vez mais muito lhe agradeço a gentileza e retribuo de imediato.

Diz a Martifer que depois do Sr. Ministro despedir 600 trabalhadores eles contratam 400. Pois olhe Sr. Ministro, eu sempre achei que não vale a pena ser mesquinho e que a sua gentileza deve ser compensada. Assim sendo digo-lhe já que pode chamar a comunicação social e informar que eu contrato 450 trabalhadores, pode dizer que a sua intervenção permitiu um acréscimo de 50 postos de trabalho em relação aos 400 prometidos pela Martifer. Portanto um total de 450 postos de trabalho novos, nas suas palavras.

O Sr. Ministro deve ter-se rido à brava com essa piada não foi? Então o Sr. atira para o desemprego 600 pessoas e depois vem dizer que o seu negócio gerou postos de trabalho? Ehehehe essa foi de mestre!

Mas Sr. Ministro, em relação aos postos de trabalhos que vou criar, vou pagar a todos o salário mínimo nacional, independentemente do nível profissional ou salarial que tinham anteriormente, levam com o mínimo e já vão com sorte. Aliás se o Sr. e os seus colegas do governo fizerem o favor de baixar esse valor, como andam com vontade de fazer, fico, uma vez mais, agradecido.

Quase a terminar quero agradecer o facto de o Sr. Ministro deixar o vencedor desta espécie de concurso ficar com as encomendas já realizadas e, para não ir mais longe aquela da Venezuela no valor de 128 milhões. Calculando assim por alto uma margem de 20%… Já sei o Sr. Ministro quer ser mais modesto e falar de 10%. Olhe partimos ao meio, pode ser? Falemos de 15%. A encomenda da Venezuela vai deixar um lucro estimado de 20 milhões.

Lembra-se de eu ter mencionado que mais adiante voltava a falar dos 7 milhões de renda que o Sr. Ministro quer que sejam pagos em 18 anos?Pois bem, fique a saber que eu gosto de ser simpático e proponho pagar esses 7 milhões na totalidade assim que receber o dinheiro dos Venezuelanos. Parece-lhe bem? Assim evitamos andar com pagamentos todos os meses e o Sr. fica logo com o dinheiro, pode-lhe dar jeito para contratar para si, ou para algum dos seus colegas, mais uns assessores.

Não posso deixar de reconhecer como ficaria satisfeito com o facto de ganhar este concurso. Já reparou que assim de repente já tenho um lucro de 13 milhões? Bem melhor que jogar no euromilhões, não gasto os 2 euro, e ainda recebo mais, é que se no jogo me saírem os 15 milhões a Lady Swap palma-me logo 3, fico só com 12… Prefiro mesmo apostar em ficar com os estaleiros.

Recapitulemos as razões que me deixam em vantagem em relação à Martifer:
  1. Eu não entendo nada de construção naval. Eles também não;
  2. Eles têm um passivo brutal. O meu é bem mais modesto;
  3. Eles aceitam que o Estado fique com os ossos todos. Também não me oponho;
  4. Estamos todos de acordo que o Estado é que vai tratar de despedir os trabalhadores;
  5. A Martifer diz que vai criar 400 postos de trabalho. Eu garanto 450;
  6. A Martifer paga a renda em 18 anos. Eu pago a totalidade assim que receber o pagamento da encomenda em carteira

Parece-me Sr. Ministro que a minha candidatura é bem mais séria e forte que a da Martifer. Seguramente Vexa não vai ter nenhuma dúvida na escolha.

Diga lá, se faz favor, quando é que posso tomar posse dos estaleiros?


Jacinto Furtado

Conseguiram! Destruíram a Escola Pública

Nelson Oliveira
É oficial – O Ensino Público de qualidade inquestionável está prestes a morrer.

A destruição da Escola Pública não pode ser imputada à crise, aos alunos, aos professores, à Troika ou a qualquer outro bode expiatório. Esta destruição tem um rosto bem visível – Crato, Passos Coelho, Portas e um Governo Maioritário PSD/CDS protegido por Cavaco Silva.

Um dos sonhos ideológicos da direita está prestes a ser concretizado.

A aprovação do novo Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo foi “início do fim” de uma Escola que tinha sucesso porque agregava diferenças, mostrava desde cedo aos jovens o lado positivo da convivência entre diferentes tipos de pessoas, classes, realidades familiares, aptidões. Mostrava o lado do sucesso e do insucesso, da pobreza e da riqueza, mas acima de tudo prestava um elevado contributo à possibilidade da entreajuda em torno das diferenças individuais.

Após 05.06.2011, data das últimas legislativas, o Governo decidiu que uma das suas primeiras medidas seria aumentar a verba destinada às Escolas Privadas e diminuir nas Públicas. Os dados estavam lançados.

No Orçamento de Estado de 2014 existe um reforço de verbas para o Ensino Privado e um corte de 500 milhões no Público, quando na verdade até o próprio Tribunal de Contas desaconselha esta prática.

Por outro lado, introduzimos o conceito do Cheque Ensino. À primeira vista, tudo parece justo quando se atribui um valor equitativo por aluno e dá-se a oportunidade de escolha aos pais quanto ao estabelecimento de ensino. Mas será que uma Escola do Ensino Privado dará a mesma oportunidade a um aluno de um estrato social baixo ou que apresenta um historial de insucesso escolar/mau comportamento?

Obviamente que a iniciativa empresarial tentará escolher aqueles que poderão garantir melhores resultados e menos problemas, conduzindo a longo prazo, uma clara distinção entre o Ensino Público que ficará com os alunos problemáticos, ao passo que o Ensino Privado tenderá a aceitar apenas os melhores. Esta é a pura da realidade.

Tudo se torna mais estranho quando o Estado atribuir financiamentos sucessivos ao ensino privado (onde os pais pagam mensalidades!), ao passo que as escolas públicas perdem verbas e alunos. Nestes casos seria bom colocar a ideologia liberal em prática, não havendo necessidade do Estado ser o principal financiador de um sistema privado que ideologicamente tem aversão à iniciativa pública.

Mediante isto, o que pensará o Governo dos investimentos das autarquias na requalificação/construção de centros escolares, tão necessários junto das populações?

O que pensam aqueles que postulam a livre iniciativa do mercado, quando usam e abusam do Estado para financiar cronicamente as suas atividades?

Com o novo Guião do Estado, promove-se a privatização de tudo (educação, saúde, serviços), só é pena que na altura de pagar os erros desta gestão, a Divida seja Pública!

Razão tinha Saramago - “Cadernos de Lanzarote” (p. 148), quando explicava superiormente a ânsia das Privatizações!

O associativismo atual (TVS)

Nuno Fernandes
O associativismo em Portugal, nas mais diversas formas em que se manifesta, não é alheio à custosa situação em que o nosso país se encontra, fruto da conjuntura económico-financeira hostil, com impactos profundamente negativos a nível social. Estes movimentos de cidadania são, na maioria das vezes, o último reduto no combate à pobreza e exclusão social.

Porém, a atual conjuntura é também favorável à desmotivação e ao retrocesso na prática do associativismo, afastando-o da dinâmica e iniciativa de outras épocas.

Nos dias de hoje, está nas mãos dos movimentos associativos ou de cidadania formados por jovens a adaptação a uma época difícil, adotando práticas renovadas de intervenção, capazes de incluir e cativar as populações para os fins a que se destinam, sejam eles culturais, recreativos, desportivos ou sociais. 

Compete a nós, jovens, dar os passos necessários no sentido de um futuro melhor. Acredito que a participação cívica através do associativismo é fundamental para a construção desse futuro.

Acredito que pertencer, estar numa associação é pertencer e estar ao serviço de uma comunidade, é um enriquecimento pessoal e nunca uma perda de tempo e dinheiro.

Este novo desígnio exige-se. É tempo de nos deixarmos de lamentos ou de imputar a responsabilidade do insucesso pessoal ou de uma geração a outros. Há que agir e reagir, fazendo o nosso caminho e rodeando-nos dos melhores intervenientes para ajudar o povo.



Nuno Fernandes



JS Lousada

As decisões do TC afetam os juros da dívida? MENTIRA!



A estratégia governamental é especialista em promover o caos sensacionalista do medo. Agora referem que as decisões negativas do Tribunal Constitucional tem um forte impacto nos juros da dívida.

O gráfico demonstra a falsidade de tais declarações.

Deitar investimento ao lixo



O português Carlos Tavares, sendo vice-presidente da Nissan/Renault, fez um acordo com o Governo de Sócrates para a instalação de uma fábrica em Portugal. Vale a pena ouvir declarações suas feitas na altura (aqui e aqui). 

Entretanto, a pandilha da São Caetano alçou-se ao poder e Carlos Tavares aguardou meses e meses que o Álvaro e Passos lhe concedessem uma audiência. Cansado de esperar, foi à sua vida e, com ele, o investimento da Nissan. 

Hoje, foi anunciado que será, a partir de Janeiro, o presidente do grupo Peugeot/Citröen
No dia em que se falou tanto de patriotas, têm aqui um.

in: Câmara Corporativa

Zangam-se as comadres...

Desde há uma semana para cá, assistimos a uma série de revelações baseadas na tese de mestrado e entrevista de um dos principais assessores de comunicação do PSD de Passos Coelho, onde este expunha, preto no branco, a estratégia ignóbil montada por Relvas e companhia, para chegar ao poder, tendo como baluarte a luta electrónica de desinformação, e pior que isso, assassinato político e pessoal de algumas pessoas.

As peças começam a ligar-se e não foi inocente uma série de telefonemas que a TSF recebeu em altura de campanha eleitoral, para "elogiar Sócrates" a mando do PSD.

Fernando Moreira de Sá anuncia como se destruiu Sócrates, mas refere também como todo esse efeito criador do caos, fez ricochete batendo em cheio em Passos Coelho, Relvas e companhia.

Perfis falsos, calúnias, desinformação e muita imaginação. Chamadas falsas para as rádios, facebook e twitter. É curioso que este tipo de práticas teve vários seguidores ainda que muito pouco convincentes, facilmente identificados e por fim, gozados.


2013 – A vitória das Boas Contas

Nelson Oliveira
Com os resultados das últimas eleições autárquicas, o país assistiu à maior renovação da classe política desde 1974. Esta renovação deveu-se sobretudo ao cumprimento da proposta do Governo de José Sócrates, plasmada na Lei n.º 46/2005, de 29 de Agosto - Limitação de Mandatos Autárquicos.

Um pouco por todo o país, mas em particular no distrito do Porto, houve uma nítida renovação de atores políticos que não se ficou pela simples limitação de mandatos (completamente usurpada pela candidatura de Luís Filipe Menezes), mas sim, pela vitória das Boas Contas.

É um facto, por diversas vezes estudado (Gomes, P. 2013) que existe uma predisposição para a reeleição de autarcas que, no fim do mandato, optam por aumentar o investimento e consequente dívida municipal. No entanto, estas últimas eleições contribuíram para a não verificação deste autêntico dogma.

Um pouco por todo o distrito e apenas com algumas exceções, os eleitores optaram por reconduzir autarcas/partidos que pugnaram pelo rigor financeiro, sem hipotecar o futuro do concelho (ex. Lousada, Baião) e castigaram aqueles que tinham seguido uma trajetória despesista e por vezes quase criminosa para as contas públicas (ex. Paços de Ferreira, Vila Nova de Gaia).

No distrito, realça-se o exemplo dado pelos eleitores de Gaia que recusaram o sucessor partidário de Menezes que, concorrendo ao Porto, foi completamente sucumbido devido ao tipo de gestão autárquica deficitária que sempre representou.

Nesta análise autárquica, basta observarmos os municípios que recorreram ao PAEL – Programa de Apoio à Economia Local ou os Prazos Médios de Pagamentos a Fornecedores (DGAL) para verificarmos que algo não ia bem em algumas autarquias da região, fosse qual fosse a liderança partidária.

A necessidade da famigerada Lei dos Compromissos era de todo evitável se as autárquicas cumprissem com o que está literalmente estipulado no POCAL, sem se recorrer a estratagemas financeiros como o empolamento conveniente da receita para justificar a despesa. É impressionante como em certos orçamentos municipais, o executivo “pretendia vender todo o concelho num único ano” só para justificar as suas despesas, originando consequentemente uma divida astronómica perfeitamente legal.

Numa altura em que a classe política está descredibilizada, cabe mais uma vez aos autarcas, apesar de serem o parente pobre da política nacional, darem o verdadeiro exemplo de seriedade, clarividência e rumo ao país. Esta foi a vitória das boas contas – que assim seja no futuro porque é altura dos atuais detentores de cargos políticos autárquicos mostrarem, principalmente ao Governo, como se gere a Res publica.


Isto é a Juventude Socialista - Justiça e Equidade

JS importa o "Gato Gordo" da Suíça

A Juventude Socialista apela a que os partidos com assento parlamentar partam para o debate sobre a limitação salarial dos gestores sem dogmatismos.

O secretário-geral da JS, João Torres, anunciou ao PÚBLICO que a estrutura que dirige prepara um projecto de resolução na Assembleia da República relativo à limitação proporcional de salários dos gestores e administradores das empresas, públicas ou privadas, em relação aos salários mais baixos praticados nessas empresas.

A iniciativa “Gato Gordo” apresentada pelo Partido dos Jovens Socialistas Suíço e que vai a referendo popular já no próximo domingo chega assim a Portugal, “entre o final deste ano e o início do próximo”, pela mão da Juventude Socialista portuguesa, sob o título Salários Justos.

“Esta iniciativa decorre de uma preocupação crescente por parte da JS para com o agravamento das desigualdades sociais, muito em particular das desigualdades salariais que temos vindo a verificar no nosso país”, explicou João Torres.

Através desta proposta a JS pretende lançar um debate público acerca da autodeterminação salarial praticada pelos gestores e administradores das empresas, assim como “introduzir na nossa economia alguns critérios de justiça através do estabelecimento de um rácio humano, que seja um rácio social no sentido de não se desvalorizar e não se valorizar excessivamente o trabalho de alguns cidadãos em detrimento do trabalho de outros”.

A proposta dos jovens socialistas tem por base, não só o exemplo suíço, onde a população vai ser consultada em relação a uma iniciativa que pretende decidir se um gestor de topo deve ganhar, como tecto máximo, 12 vezes mais do que o salário mais baixo pago pela empresa, mas também o exemplo francês que já define que um gestor de uma empresa pública só pode ganhar 20 vezes mais do que o trabalhador mais mal pago.

De acordo com João Torres, a JS não parte para esta proposta “com base num rácio concreto”, embora admita que, não sendo ainda o ideal para dignificar a mão de obra, “deve haver uma convergência no sentido de existir uma frente comum das Juventudes Socialistas no espaço da UE, no sentido de que essa limitação proporcional seja de 1 para 20”.

A JS acredita que o PS pode acolher a iniciativa e incluí-la no seu programa e ideário político e pede aos restantes partidos com assento parlamentar que partam para esta discussão “sem qualquer tipo de dogmatismo” e com uma obrigação moral de combater “uma economia selvagem” e estabelecer em Portugal uma “economia de mercado social”.

Campanhas ao negro



Gaspar fazia reuniões em off com jornalistas para dizerem em conjunto mal do Executivo anterior e cantarem loas à austeridade. Passos foi eleito na campanha interna do partido graças a um punhado de bloggers "especializados em desinformação" coordenados por Relvas, que também orquestrou a das legislativas; não teve estado de graça porque mal ganhou compensou todos (menos um?) com sinecuras, destruindo "a rede".

A primeira revelação é de André Macedo na sua coluna de ontem no DN, close-up de um ministro pintado pelos media como "um técnico puro" que afinal se desvendava em 2011, mal pegou ao serviço, como propagandista politiqueiro. A segunda efabulação é de um consultor de comunicação entrevistado pela Visão a propósito de uma alegada tese sobre "a importância da comunicação política digital na ascensão de Passos" e que assume a existência de campanhas negras contra o Governo Sócrates, com criação de "perfis falsos" no Facebook e no Twitter: "Se deixarmos uma informação sobre o caso Freeport num perfil falso e ele for sendo partilhado, daqui a pouco já estão pessoas reais a fazer daquilo uma coisa do outro mundo."

Estes dois vislumbres sobre a génese e a natureza do Governo Passos têm, até pela credibilidade muito distinta dos emissores, valores diferentes. Do que o André conta anota--se não que um político quis trazer a si os media - qual o espanto? -, mas que os jornalistas lhe saltaram para o colo, entusiasmadíssimos com as "ideias" da troika/Gaspar. Daquilo que o consultor de comunicação diz, entre infrene autopromoção, falsidades e absurdos (como garantir que em 2009 os blogues políticos tinham 30 mil visitas/dia e que a net foi fundamental para as vitórias), ressalta a ironia de certificar que os apoiantes do atual PM, incluindo "jornalistas no ativo" que, aliás, nomeia, fizeram tudo aquilo que imputavam furiosamente aos do Governo PS. Vai ao ponto de asseverar que a sua "equipa de voluntários" tomou como modelo de atuação o blogue Câmara Corporativa, que acusavam (emulando Pacheco Pereira, autor da teoria) de ser feito e pago a partir do gabinete de Sócrates, "usando informação privilegiada sobre pessoas": "Não éramos anjinhos, sabíamos bem ao que íamos", diz, gabando-se de que o seu "grupo" recebia "filet mignon informativo" do PSD de Passos através de "um mail fechado".

Mas a ironia não fica por aqui. Ao mesmo tempo que clama ter participado em campanhas ínvias e negras para manipular os media e a opinião pública, o entrevistado da Visão repete a acusação de que o gabinete do anterior PM fornecia "informação privilegiada sobre pessoas" ao tal blogue, sem que a revista exija dessa gravíssima alegação qualquer prova ou sequer exemplo. Às tantas, o tipo é mesmo, como pretende convencer (ou recordar?), muito bom no que faz. Ou temos de concluir que, como afiança, vivemos num "caldinho jeitoso para isto."

Fernanda Câncio (DN)

Mais um perigoso Esquerdista contra a Escola Privada

John Major diz que domínio da elite educada em escolas privadas é “verdadeiramente chocante”



John Major considera “verdadeiramente chocante” o domínio que a elite educada em escolas privadas e de classe média alta detém sobre os lugares mais altos da esfera pública britânica.

O político conservador, que sucedeu a Margaret Thatcher na liderança do governo, afirmou, na passada sexta-feira, durante o jantar anual da Associação Conservadora de South Norfolk, que “todas as esferas de influência britânicas” são dominadas por homens e mulheres que frequentaram escolas privadas ou que vêm de uma classe média alta privilegiada. “Tendo em conta as minhas próprias origens, acho isso verdadeiramente chocante”, disse, acrescentando que o sistema educativo devia ajudar as pessoas a libertarem-se das circunstâncias em que nasceram, em vez de fechá-las nelas.

De acordo com o jornal “The Telegraph”, apesar de no seu discurso Major ter atribuído aquilo que designou de “colapso da mobilidade social” ao Partido Trabalhista, liderado por Ed Miliband, as suas declarações foram antes entendidas como uma crítica ao actual primeiro-ministro, e colega de partido, David Cameron, cujostaff (além dele próprio) encaixa no perfil descrito pelo antigo chefe de governo.

in: Jornal i

Algo de muito grave deve estar para acontecer no Universo

César das Neves elogia a qualidade da investigação e da reflexão de Sócrates



Foi lançado recentemente, podemos dizer com honras de Estado, o livro de José Sócrates A Confiança no Mundo; Sobre a Tortura em Democracia (Verbo, 2013). O volume, resultado de um trabalho académico, trata um tema importante e perturbador, que tomou grande actualidade com a recente luta americana contra o terrorismo. Este caso, verificando-se num ambiente de Estado de direito livre e democrático, traz também ao tema o contorno particular que justifica o interesse adicional do texto.

Entre os vários elementos aduzidos, o autor não se exime ao aspecto mais espinhoso e complexo, a filosofia moral. Na situação de tortura confrontam-se dois direitos, o do preso e o da sociedade que ele pretende agredir. É fácil surgir a escolha entre a dignidade básica do terrorista, agredida pelas sevícias, e as vidas a salvar pela informação que ele guarda. Aqui os dilemas facilmente se tornam, eles mesmos, torturadores, de tão complexos.

O autor toma uma posição clara e categórica sobre este problema espinhoso, "esclarecendo que me filio, neste domínio, na perspectiva deontológica de proibição absoluta de tortura" (p. 104). Aliás, assume mesmo uma excepção à sua posição pessoal de fundo pois, como explica numa entrevista de divulgação do livro: "Nunca fui um deontologista, nunca me filiei nas correntes morais dos que acham que têm imperativos categóricos e uma ética da convicção... Sempre me filiei nas correntes do consequencialismo e do utilitarismo... Aqui, entro em divergência. Porque me tornei um deontologista num único ponto, um ponto que une várias gerações de filósofos... Qual é o ponto? A vida humana é única, singular e insubstituível" (Expresso Revista, 19/Out/2013, p. 29-30).

Esta afirmação é decisiva e, como se vê, marca uma evolução importante na trajectória do autor. Mas é impossível não aplicar o mesmo raciocínio, e toda a longa, detalhada e erudita elaboração que ele faz na parte II do volume, a um outro caso, precisamente aquele em que o Governo do primeiro-ministro José Sócrates foi mais decisivo sobre o futuro nacional, a liberalização do aborto pela Lei 16/2007 de 17 de Abril e a sua banalização pela Por-taria 741-A/2007 de 21/Junho. O paralelo é inevitável dado o argumento, repetido à exaustão por todos aqueles que se opunham à posição do Governo de então, ser exactamente aquele que agora José Sócrates apresenta como o seu "imperativo categórico": a vida humana é única, singular e insubstituível.

Claro que podemos dizer que o caso do aborto é bastante diferente da questão da tortura. E de facto é. Mas existem não só paralelos inelutáveis, mas até detalhes que tornam a interrupção da gravidez ainda mais adequada aos argumentos usados por Sócrates na sua tese. Dadas as competências que ele revela no intrincado campo da filosofia moral, não seria digno descartar de forma ligeira estas implicações.

Como na tortura, temos o confronto de dois direitos, o do nascituro e o de sua mãe. No entanto, podemos dizer que os valores envolvidos são ainda mais extremos do que na situação analisada no livro. De facto os graves problemas que conduzem uma mulher a abortar, mesmo se pungentes, são muito menos graves do que os morticínios que a tortura pretende evitar. Por outro lado, a vítima do aborto não sofre apenas a dor extrema e a cruel indignidade, mas fica impedida de nascer e ver o sol, anulando-lhe na morte a mais ínfima partícula de identidade.

Certamente que, com a análise sofisticada que faz no seu volume, o autor não usará a escapatória indigna de dizer que o embrião ainda não é uma pessoa, omitindo-o assim dos seus princípios. Não só se trata indiscutivelmente de uma vida humana, mas esse argumento cai no rol das múltiplas negações da humanidade dos terroristas, que ele tão bem desarma na sua tese.

O autor ainda não se disponibilizou para esta discussão. Mas ao menos, no meio das lutas terríveis que nos dividem, devemos desfrutar deste raro momento de acordo, à volta de uma ideia tão básica e decisiva: a vida humana é única, singular e insubstituível.

naohaalmocosgratis@ucp.pt

É fartar, vilanagem!

O memorando da troika previa o fim dos subsídios aos colégios privados. O actual governo aumentou a dotação e prepara-se para o voltar a fazer no Orçamento do Estado para 2014. Lembram-se da campanha organizada dos colégios privados contra o PS nas eleições legislativas de 2009, que meteu aviões e tudo? 

Este programa da TVI (vídeo) parece levantar a ponta do véu.

In: Câmara Corporativa

Circunstâncias Diferentes (Vital Moreira)

O Presidente da República manifestou a sua esperança em que será possível um acordo entre os partidos do Governo e o PS para sufragar no ano que vem o "programa cautelar" pós-resgate com a União (se não houver outro resgate propriamente dito...), como sucedeu em 2011 com o próprio programa de assistência. Receio bem que Cavaco Silva se engane.

Primeiro, em 2011, o PSD e o CDS, que tinham derrubado o Governo e provocado o resgate com a rejeição do PEC IV, tinham obtido o que desejavam, ou seja, eleições antecipadas. O programa de ajustamento com a troika era um excelente álibi para violar depois todas as promessas eleitorais do PSD. Será que o PR está disponível para oferecer agora ao PS eleições antecipadas em troca do endosso do programa cautelar?

Em segundo lugar, ao longo destes dois anos o Governo renegociou com a troika numerosas alterações ao programa de ajustamento, sempre à margem do PS, sem que o PR tivesse alguma feito menção de lembrar ao Governo a conveniência de tentar envolver o PS nesse processo. Sabendo-se que essa deliberada desconsideração política facilitou o descomprometimento do PS em relação ao Memorando e a sua radicalização contra as medidas de austeridade, com que legitimidade e credibilidade é que o PR pensa agora poder convencer o PS a entrar num compromisso com o Governo? 

Se bem ajuízo, só depois das próximas eleições legislativas, quando quer que ocorram, é que se criarão condições para o compromisso político fundamental entre o PS e o PSD de que o País precisa. O PR não está isento de responsabilidades nesta situação...

in: Causa Nossa

Uma verdade inconveniente


O ódio a Sócrates

Quando comecei a minha coluna semanal no EXPRESSO, ainda Santana Lopes era primeiro-ministro e Sócrates o queria ser, o meu primeiro texto tinha como título "A coisa". Era sobre José Sócrates e o seu vazio ideológico e programático. Uma acusação, à altura, mais do que justa. Ao contrário de outros ex-primeiro-ministros, Sócrates fez-se ideologicamente no poder. Com várias guinadas ao longo de seis anos. Não apenas guinadas tácticas, bastante comuns em muitos políticos. Mas guinadas sinceras de quem estava a aprender o mundo enquanto governava.

Durante seis anos fiz-lhe oposição. E não me arrependo. Também o apoiei em várias medidas, como é evidente. Mas, acima de tudo, tratei sempre com cuidado os casos menos políticos em que o seu nome foi sendo envolvido. Na realidade, o mesmíssimo cuidado que tenho com todos os casos que surgiram com pessoas deste governo: não os deixo de tratar, exponho os factos conhecidos e retiro conclusões políticas. Com Sócrates, nuns casos fiquei esclarecido, noutros mantenho dúvidas. Numa análise a todas as acusações que lhe tinham sido feitas conclui, em fevereiro de 2010: "No meio desta histeria, que torna o debate político insuportável - é já quase sinal de cedência escrever sobre qualquer outro assunto que não seja José Sócrates -, a falta de rigor e de apego à verdade de que o primeiro-ministro é acusado parece ter tomado conta do país inteiro. Interessa saber se José Sócrates fez o que se diz que ele fez. Mas, se não levarem a mal, a verdade dos factos pode, de vez enquanto, ter voto na matéria." Sobre esses casos, podem ler texto que aqui refiro. Chega e sobra. Não é com eles que quero perder tempo.

É normal que se investiguem primeiros-ministros e dificilmente me veem a comprar teses de cabalas e campanhas negras. Mas ninguém negará que nunca, sobre um governante, saíram tantas notícias de pequenos casos de forma tão insistente. Sobretudo não me lembro de terem sobrevivido tanto tempo a qualquer esclarecimento, bom ou mau. Compare-se o caso do Freeport - que durou anos - com o da Tecnoforma, que passou desapercebido a quase todos os portugueses. Acho que posso dizer com rigor, sem ter de tomar partido, que nunca um primeiro-ministro em Portugal foi tão atacado como José Sócrates. Nada escapou: da sua vida intima ao património da sua família, do seu percurso profissional e académico à forma como exerceu os seus cargos políticos anteriores. Até escutas ao primeiro-ministro a oposição de direita quis o país ouvisse, coisa que nunca alguém se atreveu a propor em qualquer outro caso. 
 
A verdade é esta: pequenos pormenores da vida de Sócrates ainda hoje vendem mais jornais do que venderia a biografia mais intima de Passos Coelho.

Porque gera tantos ódios José Sócrates? Os que o odeiam responderão com rapidez que faliu o país. Nessa não me apanham mesmo. Até porque a "narrativa" tem objetivos políticos e ideológicos que ultrapassam em muito a figura do ex-primeiro-ministro, o que revela até que ponto podem ser estúpidos os ódios pessoais de uma esquerda que, por mero oportunismo de momento, comprou uma tese que agora justifica todo o programa ideológico deste governo.

É pura e simplesmente falso que Sócrates tenha falido o país. E isto não é matéria de opinião. Sócrates faliu o país da mesma forma que todos os que eram primeiros-ministros entre 2008 e 2010 em países periféricos europeus o fizeram. Até 2008 todos os indicadores financeiros do Estado, a começar pela dívida pública, e todos os indicadores da economia seguiam a trajetória negativa que vinha desde a entrada de Portugal no euro (ou até desde o início da convergência com o marco, que lhe antecedeu), verdadeiro desastre económico que ajuda a explicar uma parte não negligenciável da situação em que estamos. A narrativa que esta crise se deve ao governo anterior, além de esbarrar com todos os factos (o truque tem sido o de juntar o aumento da dívida anterior e posterior a 2008 e assim esconder a verdadeira natureza dessa dívida), esbarra com a evidência do que se passa nos países que estavam em situação semelhante à nossa e não tiveram Sócrates como primeiro-ministro. Posso escrever tudo isto com uma enorme serenidade: fui opositor de Sócrates e sempre disse o que estou a dizer agora.

Também nada de fundamental, até 2008, distinguia, para o mal e para o bem, os governos de Sócrates dos anteriores. O que era diferente correspondia às pequenas diferenças entre os governos do PS e do PSD, que já poderiam ter sido detectadas em Guterres. O que era igual, conhecemos bem e podemos identificar em Barroso, Guterres ou Cavaco. Em todos eles houve decisões financeiras desastrosas - das PPP à integração de fundos de pensões privados na CGA, da venda ruinosa de ativos a maus investimentos públicos. Em todos eles houve interesses, tráficos de influências, mentiras, medidas demagógicas e eleitoralistas. Sócrates foi apenas mais um.

Há uma parte deste ódio que surgiu à posteriori (sim, vale a pena recordar que Sócrates venceu duas vezes as eleições). Perante a crise, o país precisava de encontrar um vilão da casa. Como escrevi, irritando até muitas pessoas de esquerda, em Outubro de 2010, ainda Sócrates era primeiro-ministro: "São sempre tão simples os dilemas nacionais: encontra-se um vilão, espera-se um salvador. Sócrates foi um péssimo primeiro-ministro? Seria o último a negá-lo. Mas, com estas opções europeias e a arquitetura do euro, um excelente governo apenas teria conseguido que estivéssemos um pouco menos mal. Só que discutir opções económicas e políticas dá demasiado trabalho. Discutir a Europa, que é 'lá fora', é enfadonho. É mais fácil reduzir a coisa a uma pessoa. Seria excelente que tudo se resumisse à inegável incompetência de Sócrates. Resolvia-se já amanhã." O único acerto a fazer é que, perante este governo, a avaliação de incompetências passou para um outro patamar.

Sócrates acabou por servir, nesta crise, para muitas cortinas de fumo. A de quem quis esconder as suas próprias responsabilidades passadas. A de quem queria impor uma agenda ideológica radical e tinha de vender uma "narrativa" que resumia a história portuguesa aos últimos 9 anos e esta crise a um debate sobre a dívida pública. E a de quem, sendo comentador, economista ou jornalista, e tendo fortes limitações na sua bagagem política, foi incapaz de compreender a complexidade desta crise e optou por uma linha um pouco mais básica: o tiro ao Sócrates. Não lhes retiro o direito ao asco. Eu tenho o mesmo pelo atual primeiro-ministro. Mas não faço confusões e já o escrevi várias vezes: Passos sai, Seguro entra e, se não houver um enfrentamento com a troika, fica tudo exatamente na mesma. Porque o problema não é exclusivamente português e, mantendo o país no atual quadro europeu, depende muito pouco do nosso governo.

Há outra explicação para o ódio que Sócrates provoca. As novas gerações da direita portuguesa são, depois de décadas na defensiva, de uma agressividade que Portugal ainda não conhecia. A que levou à decapitação da direção de Ferro Rodrigues, através do submundo da investigação criminal e do submundo do jornalismo, representado, desde sempre, pelo jornal "Correio da Manhã". A mesma que tratou de criar um cerco de suspeição que transformou, durante seis anos, a política nacional num debate quase exclusivamente em torno do carácter do primeiro-ministro. Um primeiro-ministro que, como tantos políticos em Portugal, se prestou facilmente a isso. Um cerco que fez com que poucos se dessem ao trabalho de perceber o que estava a acontecer na Europa desde 2008 e como isso viria a ser trágico para nós. Andávamos entretidos a discutir escutas e casos.

Foi esta direita que, irritada pela iminência de perder prematuramente o poder que tinha reconquistado há apenas três anos, espalhou o boato sobre a suposta homossexualidade de Sócrates. Pedro Santana Lopes veio, em reação à entrevista de Sócrates ao EXPRESSO, dizer que essa campanha vinha do PS. Tenho boa memória e recordo-me das indiretas no debate entre Santana e Sócrates, na SIC. Lembro-me também de Santana ter passado uma campanha a insistir para que Sócrates tomasse posição sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, quando isso ainda nem era debate e sabendo-se o boato que corria. Lembro-me ainda de, num inédito mas muito conveniente comício de mulheres do PSD, em Famalicão, em plena campanha, uma ter dito isto: "Ele [Santana] ainda é do tempo em que os homens escolhiam as mulheres para suas companheiras... bem hajam os homens que amam as mulheres!" E de, entusiasmado, Santana Lopes ter rematado, em declarações aos jornalistas: "O outro candidato [Sócrates] tem outros colos, estes colos sabem bem".  
 
Todos sabem como Santana importou, através de um publicitário brasileiro, uma determinada forma de fazer política. Felizmente, como se viu pelo seu resultado, não funcionou.

Goste-se ou não do estilo, Sócrates é, muitas vezes, de uma violência verbal inabitual em Portugal. Ele é, como se definiu na entrevista a Clara Ferreira Alves, anguloso. E voltou a prová-lo, nesta conversa, de forma eloquente. 
 
Num País habituado a políticos redondos isso choca. Ainda mais quando se trata de um líder do centro-esquerda, por tradição cerimoniosa e pouco dotada de coragem política. Sócrates, pelo contrário, tem, e isso nunca alguém lhe negou, uma extraordinária capacidade de confronto e combate. O estilo público de Guterres, Sampaio, Ferro Rodrigues e Seguro (muito diferentes entre si em tudo o resto) é aquele com o qual a direita gosta de se confrontar. 
 
A aspereza de Sócrates deixa-a possuída, irritada, quase invejosa. A ele não podiam, como fizeram com Guterres, acusar de indecisão e excesso de diálogo. Sócrates acertou na mouche: ele é o líder que a direita gostaria de ter.

Também a maioria dos portugueses tende a gostar de um estilo autoritário, mas sonso, que nunca diz claramente ao que vem, de que Cavaco Silva é talvez o exemplo mais acabado. Diz-se, ou costumava dizer-se, que Cavaco é previsível. Mas ele não é previsível por ser fiel às suas convicções, que nós desconhecemos quais sejam. É previsível porque quer sempre corresponder ao arquétipo do político nacional: moderado, ajuizado, prudente, asceta e severo. Apesar de, na realidade, no seu percurso cívico e político pouco ou nada corresponder a estas características. Pelo contrário, Sócrates corresponde, na sua imagem pública, ao oposto de tudo isto.

Não é o primeiro político português a fugir ao modelo do líder austero e sacrificado, que Salazar impôs ao imaginário nacional e que Cunhal, Eanes, Cavaco ou Louçã acabaram por, mesmo que involuntariamente, reproduzir. Já Soares fugira desse estilo e se apresentara emotivo, imprevisível e bon vivant. O que mudou desde então? Tudo. A exposição pública, o escrutínio da imprensa, o poder de disseminação do boato. Ainda assim, arrisco-me a dizer que se há um político português vivo que consegue arrebatar mais paixões, sejam de amor ou de ódio, do que José Sócrates ele é Mário Soares. À sua direita e à sua esquerda.

Mas há uma enorme diferença entre Soares e Sócrates: o estatuto. Que resulta da idade, do currículo político e do tempo histórico em que foram relevantes. E, para tentar resumir, é esta diferença que ainda faz Sócrates correr. Acho que ele não se importa nada de ser odiado pela direita e por parte da esquerda. O que o incomoda é isso não corresponder a um papel histórico que, mal ou bem, lhe seja reconhecido. É não ter atingido um estatuto em que ser odiado por muitos não só é normal como recomendável. No fundo

, move-se pelo mesmo que todos os políticos que ambicionaram mais do que uma pequena carreira: o sonho da imortalidade. E essa é, entre outras, uma das razões porque não compro o retrato do pequeno bandido que enriqueceu com uns dinheiros dum outlet em Alcochete. Parece-me que a sua ambição é muito maior. Por isso, façamos-lhe justiça de acreditar que também serão maiores e mais nobres os seus pecados.
 
Daniel Oliveira