Este país não é para jovens?

O título deste artigo de opinião é colocado propositadamente sobre forma de interrogação numa frase diversas vezes usada para descrever o Portugal de hoje. Uma ligação assimétrica com o cenário Hollywoodesco do filme vencedor de um Óscar - “No Country for Old Man”, onde um velho Xerife de uma pacata e deserta cidade no Texas tenta compreender uma série de assassinatos levados a cabo por um mercenário que procura dinheiro roubado.

Na realidade, os Portugueses, cansados e exasperados com tanta austeridade e sacrifícios, tentam compreender e agir face à debandada de milhares e milhares de pessoas, nomeadamente jovens que todos os meses abandonam o nosso país, também eles cansados de lutar por uma vida condigna na sua terra natal. Jovens que se esforçam, estudam e que acrescentam valor a Portugal, mas que são apanhados numa onda gigantesca de pura obsessão ideológica e financeira, que brevemente nos irá explodir nas mãos.

O bom aluno da Troika, será um brevemente um velho e teimoso aluno, já repetente e no qual ninguém deposita confiança ou esperança. Portugal, ao ver sair os jovens e pior que tudo, ao aceitar de ânimo leve essa saída, cava cada vez mais fundo a sua própria sepultura.

Não há planos ou soluções mágicas, mas é preciso uma reação concertada. É necessário batalhar junto dos organismos internacionais e em conjunto com países que perfilham as mesmas necessidades por uma solução óbvia e credível, impondo uma visão comum.

A postura mais do que repetida da alternância de opiniões dado o posicionamento governativo dos maiores partidos (PS e PSD) não transmite credibilidade junto de um povo ávido por soluções e descrente na política. Se observarmos a atitude dos elementos do PSD/CDS enquanto oposição, esta é completamente antagónica com a postura adotada hoje em dia enquanto Governo, e o mesmo reporta-se ao PS.

Causa-me uma certa perplexidade quando vemos nos dias de hoje, uma direita, nomeadamente nos municípios onde não é poder, defender recorrentemente uma redução absoluta de tudo o que é imposto, utilizando bonitos e vazios chavões sobre políticas de juventude ou emprego, mas em contrapartida grita contra os demagogos e inconscientes que pedem ao Governo a redução do IVA ou IRS, o aumento dos benefícios fiscais às famílias ou o apoio escolar nomeadamente no Ensino Superior, ou ainda que reagem contra a precariedade laboral, a redução direitos parentais ou a explosiva emigração jovem.

As recentes declarações vangloriosas acerca da descida consecutiva da taxa de desemprego, abate-se numa realidade onde saem de Portugal cerca de 10.000 pessoas por mês.

Enquanto todos os “xerifes” deste nosso Portugal não pensarem mais à frente, com rasgo, vigor e projeção futura, este pobre jardim plantado à beira mar tenderá a ficar deserto. A razão? Dinheiro…

A verdade é que… “a miséria não acaba porque dá lucro”.

in: Verdadeiro Olhar