Intervenções de Magistrados nos eventos do PSD

1. Cândida Almeida, que faria um enorme favor a si própria, ao Ministério Público e aos portugueses em geral se pedisse a passagem à reforma, resolveu participar na “universidade” de Verão do PSD. O facto já é em si mesmo extraordinário.

Como pode uma magistrada em exercício de funções, com elevadas responsabilidades no domínio da investigação criminal e a dirigir um departamento que conduz processos de inquérito contra vários titulares de cargos políticos, participar numa iniciativa marcadamente partidária?

Como é sabido, o Estatuto do Ministério Público veda aos magistrados a intervenção em iniciativas partidárias. Será que Cândida Almeida não compreende o alcance desta norma? Pensa que a sua participação na “universidade” de Verão teve menos importância do que, por exemplo, andar a colar cartazes do PSD pela cidade?

2. Para minorar os danos causados à imagem de isenção e objectividade do Ministério Público, Cândida Almeida podia ter-se furtado a falar de temas que permitam aproveitamentos partidários. Mas não o fez. Decidiu “dar o peito às balas” e opinar, a instâncias dos meninos da “universidade”, sobre a vida do ex-primeiro-ministro em Paris e a possibilidade de ele ser alvo de um processo-crime.

Os jotinhas ficaram naturalmente radiantes e ouviram com um sorriso rasgado as explicações da professora. Se calhar, esperam agora que Cândida Almeida lhes envie cópias das peças processuais produzidas no DCIAP para melhor aprenderem o papel e a actuação do Ministério Público nos inquéritos contra os seus “adversários políticos”. in: CC



 Só foi pena, não terem aproveitado a oportunidade para debaterem outros assuntos:

- Ações não cotadas em bolsa de Cavaco Silva e a sua participação na SLN;
- Invenção das escutas a Belém;
- Vida fausta de Dias Loureiro e os milhões do BPN;
- Duarte Lima;
- Etc, Etc, Etc.