Dr. Mário Fonseca


Eduardo Vilar
Faleceu o Dr. Mário Fonseca. A notícia, embora esperada, pela degradação do seu estado de saúde, vitimado pela doença que não perdoa, distribuiu o luto e a consternação no concelho de Lousada por uma das figuras mais insignes da vida local.

Não sei o que mais lamentar nesta perda irreparável, que nos enche de tristeza e de perturbação: se a de um médico conceituado e competente, dedicado e inexcedível, amigo dos pobres e dos desprotegidos, se a de um cidadão integralmente comprometido no desenvolvimento e afirmação da sua terra, presidente da Assembleia Municipal, dirigente de várias coletividades e com um sentimento profundamente bairrista relevado no grande orgulho por Lousada.

A todos os níveis, é um exemplo para todos nós. O seu humanismo e solidariedade, a sua sensibilidade com os mais fracos e doentes, a sua permanente disponibilidade para os mais necessitados e a naturalidade e espontaneidade com que o fazia elegem-no à categoria dos apóstolos da caridade. Mesmo já gravemente enfermo, manifestava permanente preocupação pela evolução do estado de saúde de outros doentes, telefonando-lhes diretamente ou aos seus familiares, dando recomendações, prescrevendo tratamentos, dirigindo palavras de otimismo e de esperança.

Também nunca deixou de acompanhar, até ao fim, as notícias da vila e do concelho que tanto amava, e aos quais tanto se devotou. Atleta, diretor da secção de futebol juvenil médico, presidente da assembleia geral durante 20 anos e presidente da direção, foi na Associação Desportiva de Lousada que exprimiu, em plenitude, a participação na vida local. No entanto, também a Associação Humanitária dos Bombeiros, a Associação de Cultura Musical e a Assembleia Recreativa e Desportiva Lousadense o conheceram como dirigente, a par do jornal Terras do Vale do Sousa, de que foi o 1.º diretor, e o Colégio Eça de Queirós, onde foi respeitado professor. O Dr. Mário perdeu Lousada e uma multidão de amigos e de admiradores, que se despediram em elevado número e de forma emocionada nos ofícios fúnebres, mas Lousada e os lousadenses perderam um património insubstituível, um cidadão íntegro, de inconcussa honestidade e de envolvimento social inexcedível. Paz à sua alma! 
 
in: Verdadeiro Olhar