Quando, no ensino secundário, ainda se ensinava História Universal,
aprendíamos a história de Pirro, rei de Épiro que veio socorrer as
colónias gregas do sul de Itália, ameaçadas pela expansão romana. Pirro
era um adepto da ofensiva a todo o custo e usava elefantes que
aterrorizavam os legionários romanos que nunca tinham visto tais
monstros, muito menos no campo de batalha.
Numa das suas ofensivas mais brilhantes, em Ásculo (279 a.C.)
destruiu completamente os exércitos romanos mas à custa de tantas perdas
do seu próprio lado que acabaria por ficar sem forças para continuar a
guerra.
Apesar do dilúvio de críticas, da sucessão de revelações sobre a
manipulação das finanças e o incumprimento dos limites ao endividamento
da Madeira, Alberto João Jardim conquistou a maioria absoluta nas
eleições regionais de 9 de Outubro.
Mas a que custo! O Governo de Lisboa já fez saber que pondera passar a
condicionar a autorização prévia todas as despesas do Governo Regional
acima dum determinado montante. Os mesmos eleitores que vitoriaram
Jardim poderão, nos próximos meses, ser confrontados com um canário que
lhes fizeram crer que nunca aconteceria: portagens nas auto-estradas e
túneis, fim das isenções de taxas e impostos, cortes na Função Pública,
ou seja, a receita da Troika tal como tem sido servida aos contribuintes
do Continente, de cujos bolsos tem saído o pagamento do regabofe
madeirense.
Alberto João ganhou no imediato mas comprometeu o futuro: Pirro deve estar a rir-se na cova.
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