Nos últimos tempos, notícias sobre o estado deplorável e precário da economia portuguesa fazem as manchetes dos jornais nacionais. Cortes nos subsídios, aumento de impostos, alterações drásticas no SNS e no Ministério da Educação, o colossal défice da Região Autónoma da Madeira, as alterações da cotação financeira nacional (rating) são assuntos que já se tornaram banais.
Contudo, parece-me que os portugueses já se acostumaram com esta realidade e, se antes pouco ou nada se importavam com a situação, agora ainda menos. Quando os jornais televisivos vão para as ruas entrevistar os transeuntes, as reacções são similares: “Não vamos conseguir suportar os nossos encargos”, “Vai ser difícil fazer com que o dinheiro chegue para as despesas mensais”, “Isto está muito mau” são apenas alguns exemplos.
Apesar de o descontentamento ser geral, considero que ainda é possível obrigarem-nos a suportar mais cortes, sofrer sucessivas lapidações económicas (vulgo buraco orçamental madeirense) e ver um conjunto de serviços tendencialmente gratuitos a desvanecerem-se por completo. Caso não o fosse, o povo dinamizar-se-ia e levava a cabo manifestações (pacíficas, claro está) para reivindicar os seus direitos e também para mostrar ao nosso governo que “o povo é que mais ordena”. Mas mais flagrante que os cortes em serviços e rendimentos, são as afirmações e discursos de defesa que os governos autónomos fazem, como se os sucessivos erros de governação e administração de recursos económicos fossem algo de menor prioridade, chegando-se ao ponto de quase os relegar por ilusórios e oníricos. Mas se nem o governo se pronuncia sobre esse assunto…
O passado dia 15 de Outubro foi um excelente momento para que os portugueses saíssem à rua, mas como se viu, ainda assim poucos foram os que aderiram à manifestação. Mas o que me deixa ainda mais preocupado é quando as juventudes partidárias caem na hipocrisia e deixam de criticar, quando a sua cor está no poder.
Na manifestação de 12 de Março, a JSD distribuiu notas de protesto com a cara do Primeiro-ministro da altura, aproveitando uma manifestação apartidária para fazer campanha e mostrar o seu desagrado para com a situação, principalmente face ao desemprego jovem.
Contudo neste último fim-de-semana, nem sinal deles. Não se pronunciaram sobre o assunto e se calhar as suas reivindicações com o desemprego jovem, estão agora resolvidas. Se calhar esse “silêncio” nem sequer está relacionado com o partido que governa o país, pois não... A inércia é grave, mas a hipocrisia supera tudo…
Está na hora dos portugueses se conectarem à realidade e reivindicarem os seus direitos, ou pelo menos inquirir a classe política sobre o real estado do país e se o conjunto de medidas que são tomadas são as mais eficazes e menos nefastas. Sejamos mais activos civicamente. Só assim conseguiremos levar a nossa nação a bom porto.
Marcos Gomes(JS Lousada)
in: TVS