Cristina Moreira |
A autarca escalpeliza alguns dos projetos que marcaram os últimos anos da sua vereação nomeadamente no combate ao abandono e insucesso escolar e na área da ação social.
Cristina Moreira destaca, ainda, a aposta no projeto "Movimentos Seniores" iniciativa dirigida a todos os munícipes com mais de 50 anos e que acabou por fomentar a confraternização e diversão para um conjunto significativo de pessoas. No domínio do turismo destaca, os projetos, “Rota do Românico” e "Rotas Gourmet", que de acordo com a autarca, são um magnífico cartão-de-visita do concelho.
No plano das atividades económicas salienta, por outro lado, que o executivo municipal tem encetado diligências de apoio ao desenvolvimento concelhio, em particular, ao investimento e à criação de emprego.
TVS: Que balanço faz do seu mandato na Câmara de Lousada enquanto vereadora do Turismo, Artesanato e Ação Social?
Cristina Moreira: São pelouros que, embora muito diferentes, me merecem a maior atenção e dedicação, pelo que o trabalho tem sido muito compensador e o balanço é positivo.
TVS: Das várias iniciativas e projetos que implementou quais as que mais a marcaram, seja pelo seu impacto ou adesão?
CM: A Ação Social foi sem dúvida uma grande aposta, principalmente na dinamização da Rede Social, onde o trabalho com os parceiros assumiu-se como um grande desafio que permitiu uma dinâmica do tecido social do concelho. Assim, perante os sucessivos diagnósticos do nosso território, foram elaborados os Planos de Desenvolvimento Social (PDS), com objetivos e ações capazes de controlar e resolver alguns dos problemas sociais de Lousada. As crianças, as famílias e os seniores foram eleitos às prioridades na intervenção social.
Como projetos marcantes, realço o combate ao abandono e insucesso escolar, através da implementação do Programa DICAS (Diversidade, Inclusão, Complexidade, Autonomia e Solidariedade), onde o trabalho realizado pelo pessoal técnico da autarquia em estreita articulação com os agrupamentos de escola traduziu-se numa redução drástica dos valores. Lousada regista taxas residuais de abandono e insucesso, fruto do trabalho desenvolvido em colaboração com a comunidade escolar local.
A implementação do Modelo Estratégico de Intervenção Social Integrado assume-se, também, como um projeto inovador que aumentou a rentabilidade e funcionalidade das respostas sociais, uma vez que todas as instituições trabalham em conjunto, ao mesmo tempo que, aumentou o número de famílias com acompanhamento pessoal e direto.
O projeto "Movimentos Seniores" revela-se, igualmente, de grande valor ao criar locais de convívio, confraternização e diversão para um conjunto significativo de pessoas que, apesar da idade, ainda conservam um espírito jovem e com imensa vontade de viver. Assim destaco a colaboração das juntas de freguesia, das instituições de solidariedade e de centenas de voluntários locais que lideram estes espaços.
Na área do Turismo e Artesanato, o projeto da Rota do Românico é, sem dúvida, a maior oportunidade para o desenvolvimento socioeconómico da nossa região, uma vez que já possui financiamento comunitário garantido.
Ao nível local, a iniciativa "Rotas Gourmet", que alia a visita ao património e às casas senhoriais com a degustação da nossa excelente gastronomia são, cada vez mais, um magnífico cartão-de-visita do nosso concelho, pois atraem centenas de visitantes. Sinto que, num futuro muito próximo, a inauguração do hotel rural, a requalificação de mais alojamentos, assim como, o trabalho de parceria com a Entidade de Turismo Porto e Norte vai permitir que o turismo seja a área económica emergente no nosso concelho.
“Se este for a escolha do partido, Pedro Machado, será o meu candidato!”
TVS: Pedro Machado tem condições para assumir uma candidatura ao executivo municipal?
CM: Pedro Machado tem muitas e boas condições para ser candidato. É uma pessoa inteligente, muito trabalhadora, honesta e com um objetivo muito claro de total dedicação por Lousada. Se este for a escolha do partido, Pedro Machado, será o meu candidato!
TVS: Leonel Vieira tem condições para assumir uma candidatura à autarquia?
CM: Esta questão deve ser colocada aos militantes do PSD Lousada.
TVS: Alguma vez foi sondada pelo PS para encabeçar uma candidatura à autarquia? Aceitaria esse convite?
CM: A relação entre os militantes do PS de Lousada é tão transparente e objetiva, que me permite dizer que estou preparada para o que a estrutura concelhia achar melhor. Preocupo-me principalmente em dar o meu melhor e contribuir para o desenvolvimento do concelho melhorando a qualidade de vida de todos os Lousadenses.
Estou disponível, apesar de haver muitas pessoas, dentro do partido, com muito potencial.
TVS: Está confiante numa vitória do PS?
CM: Estou certa do bom trabalho que Jorge Magalhães e as suas equipas realizaram, ao longo dos seus mandatos. Os lousadenses sempre demonstraram uma excelente capacidade em discernir e avaliar corretamente o trabalho desenvolvido ao nível autárquico.
TVS: Sempre se mostrou uma acérrima defensora da aposta na educação e formação ao longo da vida. Continua a defender o objetivo de aumentar o número de pessoas que têm acesso a estas atividades em todos os ciclos da vida?
CM: Sim, luto para que todos percebam que o conhecimento é a arma mais valiosa que temos na vida. A iniciativa, Novas Oportunidades, foi sem dúvida uma das mais importantes medidas tomadas, pois permite a todos que, por razões diversas não puderam concluir a sua escolaridade, o façam durante o seu percurso de vida.
TVS: Como é que encara o facto de o Governo ter anunciado a pretensão de extinguir os CNO?
CM: O que o Governo está a fazer é, realmente, acabar com as oportunidades de um povo, que ainda está longe dos níveis de escolaridade dos restantes parceiros europeus.
“A violência doméstica em Lousada tem algum impacto estatístico”
TVS: Segundo a APAV os casos de violência doméstica estão a aumentar em Portugal. E em Lousada, qual o retrato deste fenómeno e qual a resposta da autarquia?
CM: A violência doméstica em Lousada tem algum impacto estatístico e, desde 2008, com a criação de um serviço de apoio às famílias e vítimas, designado, Flor de Lis, mais de uma centena de situações foram alvo de um acompanhamento direto e pessoal. Este ano já recorreram ao serviço, cerca de 10 vítimas que foram acompanhadas e encaminhadas. Estas situações, que merecem acompanhamento do Flor de Lis, são as mais graves e as que necessitam de encaminhamento para o Ministério Público e GNR, uma vez que as restantes são tratadas ao nível da ação social concelhia e da CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em risco).
Para melhorar a resposta a prestar foi adotado o Modelo Institucional de Suporte, em parceria com o Gabinete Janela Aberta, de Penafiel, e o Serviço de Psicologia da Câmara de Paredes, que nos permite ter um bom modelo de atendimento, encaminhamento e acompanhamento das vítimas.
De realçar o trabalho de prevenção, que tem sido feito ao longo destes quatro anos, direcionado para os jovens, junto dos agrupamentos de escola e escola secundária, e para as famílias.
Rendimento Social de Inserção
TVS: Concorda com os cortes sociais, anunciados pelo Governo, no que toca ao rendimento social de inserção?
CM: No que diz respeito ao RSI (Rendimento Social de Inserção) não posso concordar com "cortes cegos", pois este é um apoio que dignifica o nosso país por se tratar de uma medida onde o Estado providencia e presta um apoio temporário mediante o compromisso de inserção socioprofissional dos beneficiários. Este processo seria mais transparente e correto se houvesse técnicos suficientes para acompanhar as situações.
Em Lousada, cerca de 550 utentes, que na sua maior parte pertencem a famílias onde pelo menos um dos elementos trabalha, recebem uma prestação reduzida de apoio.
O valor dos rendimentos a partir do qual existe apoio é muito baixo, 388 euros, existindo situações em que as famílias têm que optar entre pagar a renda da casa ou comer. Estes agregados são acompanhados pela autarquia que, no âmbito do MEISI (Modelo Estratégico de Intervenção Social Integrado) presta apoio alimentar, em medicação, na habitação social, em especial a idosos, adultos dependentes, grávidas adolescentes, toxicodependentes, alcoólicos em tratamento, famílias numerosas entre outras.
Assim, os utentes e as famílias são acompanhados dando-lhes condições de autonomia e dignidade de forma a permitir uma reintegração social e profissional
TVS: No domínio das atividades económicas, a oposição tem acusado o executivo municipal de não conseguir fomentar o investimento e potenciar a criação de emprego. Que leitura faz destas críticas?
CM: Em primeiro lugar, julgo que o fomento do investimento e a criação de emprego devem ser metas do Governo, pelos mecanismos técnicos e financeiro que dispõe.
Entretanto, a Câmara de Lousada tem encetado diligências e esforços de apoio ao desenvolvimento concelhio, em particular, ao investimento e a criação de emprego. Assim, após o Plano de Desenvolvimento Social, trianual, ter identificado o combate ao desemprego como uma das prioridades, são várias as iniciativas e os apoios em curso. O Gabinete de Apoio ao Investidor presta um papel fulcral de apoio e aconselhamento a todos os potenciais investidores no concelho, ao mesmo tempo que, estabelece o contacto direto com os empresários locais.
Por outro lado, o Gabinete de Inserção Profissional, que tem como principais destinatários os desempregados, presta um serviço de aconselhamento e apoio na procura ativa de trabalho e de formação potenciando uma inserção no mercado laboral.
Desemprego no concelho
TVS: De acordo com os últimos indicadores o desemprego jovem tem vindo a aumentar. Que proporções este fenómeno está a atingir no concelho e que medidas o executivo municipal tem tomado no sentido de inverter este quadro?
CM: Para lutar contra este flagelo global, a Câmara de Lousada associou-se às 11 autarquias da NUT-III Tâmega, que formam a Comunidade Intermunicipal na criação da agenda para a Empregabilidade do Tâmega e Sousa. A principal preocupação é diminuir o desemprego, fazendo com que a oferta de emprego coincida com a procura, baseado numa oferta formativa, quer para jovens, quer para adultos. O trabalho implica a colaboração de muitos parceiros, desde escolas, centro de emprego, empresas, desempregados, entre outros, pelo que a resolução não ocorre a curto ou médio prazo.
No que concerne à taxa de desemprego jovem, Lousada regista um dos valores mais baixos, apesar de sermos um dos concelhos com mais jovens. O incentivo à criação do próprio emprego é muitas vezes lançado aos mais jovens pelo Gabinete de Inserção Profissional e algumas iniciativas desenvolvidas com alunos do secundário, como o projeto "Empresa", pretender dotar os jovens de conhecimentos suficientes para serem empreendedores e inovadores no mercado de trabalho.
TVS: Na área do comércio, muitos comerciantes continuam a dizer-se lesados pelo número exagerado de superfícies comerciais que existem na vila. De que forma é que os pequenos comerciantes podem fazer face a esta situação?
CM: Acho que considerar que o número de superfícies comerciais é exagerado revela-se numa falsa questão se tivermos em conta o elevado número de consumidores de outros concelhos que se deslocam a Lousada para efetuar as suas compras. Por outro lado, o elevado número de empregos que foram criados são outro fator a ter em conta.
O comércio tradicional tem que ver isto não como um problema mas antes como uma oportunidade tendo consciência que deve prestar um serviço diferenciado com recurso a novas estratégias com horários adaptados, estudos de consumidor, técnicas de venda e apresentação de produtos inovadores, entre outros.
Assim, a autarquia está a trabalhar em conjunto com os comerciantes locais tendo iniciado reuniões de trabalho, abertas a todos os interessados, estando já em execução o Plano de Atividades comum que foi traçado para este ano. Concursos de montras, sorteios, animação de rua, desfiles, Hora H, Montras Vivas são algumas das iniciativas em desenvolvimento que se traduzem num aumento de clientes e de vendas.
Sob o lema "Comércio Positivo" defendemos um comércio local diferenciado com preços apetecíveis, artigos diferentes que têm como finalidade atrair as famílias para que façam as suas compras em Lousada, contribuindo para o desenvolvimento económico da sua terra.
Autor: Miguel Ângelo (TVS)