Uma falácia que estamos habituados ouvir, é a que atribui
culpas máximas da crise económico-financeira às políticas de esquerda.
Perante isto, houve a vã tentativa de colagem a esta teoria
que menospreza tudo o que é racional nas vivências próprias de cada país. Em
Portugal dizia-se em campanha eleitoral que a esquerda levou o país à falência,
com elevadas taxas de endividamento e desemprego. Noutros países a história é
totalmente aplicada à direita.
Apesar de Portugal ter piorado os índices de desemprego,
receita fiscal e défice, desde o momento que a direita foi eleita, nada parece
importar numa análise pura e dura a quem pretende comentar a nossa situação
política.
O certo, é que um pouco por toda a Europa, os partidos que
estiveram no poder durante a queda europeísta, sofreram e continuarão a sofrer
as consequências de uma União Europeia sem rumo. Uma União que em 2008 promove
junto dos países a injecção de capital nos desvarios dos privados e passado um
par de anos muda a atitude promovendo políticas austeras.
O que vimos em França é a prova de tudo isto. Sarkosy,
eleito um ano antes do colapso europeu, pagou nas urnas a paixão seguidista a
Merkel que mesmo com o seu partido a ter derrotas retumbantes a toda a linha
nas eleições internas do seu país, continua a preferir impor austeridade sem
crescimento.
Hollande tem aqui um papel fundamental. Assumir uma nova
liderança que impeça o sonho alemão de prevalecer, dominando a Europa e
subjugando aos restantes países a uma política económica paliativa.