Uma vez que este blogue é objecto de apreciação na Assembleia Municipal de Lousada, também será, (tendo em conta a tinta que, nos próximos dias, o PSD e o CDS/PP se encarregarão de fazer discorrer sobre o tema), o palco para abordar o deplorável episódio da noite, desde já cumprindo informar o leitor e, possivelmente, também eleitor, sobre o tal caso.
Discutia-se na Assembleia Municipal de Lousada o ponto 4. da Ordem de Trabalhos, relativo à análise e discussão da Proposta de Lei n.º 44/XII, relativa à reorganização Administrativa Territorial Autárquica. O objectivo do presente ponto era, no fundo, emanar da Assembleia Municipal, um parecer sobre a posição dos representantes dos Lousadenses sobre o que achavam desta Proposta de Lei, tendo em vista ser a sua posição assumida pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), a qual se encarregará de transmitir ao Governo e à Assembleia da República, as posições que receber.
Em conferência de líderes prévia à Assembleia Municipal, foi acordado entre os líderes do grupos existentes, que tal seria enviado sob a forma de parecer.
Qual é o problema afinal? Nenhum... Até agora!
O problema foi a Coligação Lousada Viva não ter, enfim, nenhum parecer para apresentar, tendo no entanto, sido a sua posição (seguidista da proposta do Governo) de que Lousada deve aceitar, quase que sem mais, a propalada alteração a "régua e esquadro", devendo colaborar e, também os Lousadenses, afirmarem-se, desde já, como seguidistas, despojados de crítica ou ignorando a possibilidade de confronto de ideias.
Foi precisamente por esse motivo que, o Dr. Carlos Nunes, simulou um incidente... Apresentou à mesa da Assembleia Municipal um "parecer" onde pedia que a acta que fosse lavrada da presente Assembleia Municipal, acompanhasse o referido documento. Ora, basta ter uma cultura jurídica mínima, para se perceber que isto não é uma "parecer" mas uma proposta. Como é óbvio e não podia ser de outra forma, não foi aceite nessa condição de "parecer".
Indignação fementida, e eis que o teatro começa, com o Dr. Carlos Nunes a arguir e a abandonar a sala, com alguns membros da coligação atrás, às pinginhas...
Curiosa actuação daquele que iniciou a Assembleia Municipal a queixar-se da alegada vitimização do PS... Qual, afinal? A vitimização que ele havia encenado então, que agora se compreende.
Mas pensa, o leitor, que esses mesmos representantes do povo, se foram embora? Não... Foram para o lugar reservado ao público, assistindo ao desfecho e não mais retomaram os seus lugares, a despeito de a Assembleia Municipal mais ter que analisar.
É curiosa esta atitude sem pejo. Não fosse a mesma aviltante para todos aqueles que neles votaram, não fosse ela desonrosa para com a própria Assembleia Municipal, não fosse ela uma atitude de cobardia perante os desígnios da Democracia, e por certo passaria em claro.
Os tais ditos representantes dos Lousadenses demonstraram não ser merecedores da confiança do voto que, em si, foi depositado. Com clarividência, denunciaram que os seus interesses partidários são superiores aos interesses das populações, facto facilmente denotado do facto de quererem fazer seguir uma acta com um parecer onde queriam que constasse o seu voto contra, talvez.
Não se compreende... Sobretudo quando o PS demonstrou estar aberto a discutir esta questão se a Proposta de Lei for aprovada, desde que seja salvaguardada a identidade das populações e todos os demais aspectos consagrados no parecer que elaborou.
Assim, no fundo e em súmula, o espectáculo teatral a que o Dr. Carlos Nunes deu azo, mais não foi que um acto que, das duas uma: ou foi premeditado ou foi de profundo pavor. E ainda por cima quando, em jogo, estava apenas emitir uma posição para que a ANMP apresentasse ao Governo.
Mas o PSD e o CDS/PP de Lousada têm medo de dizer que não ao Sr. Primeiro Ministro? Têm medo de fazer aquilo que nós fizemos em relação às SCUT? Têm receio de ir contra o próprio partido? A resposta é sim...
E com isso, tentam defender os seus interesses partidários e não os interesses dos Lousadenses. Com isto, apenas querem mais e mais protagonismo mediático, tendo em vista passarem por coitadinhos. Infelizmente, não cola! Nem vai colar...
Agora esperemos que não se acobardem, no dia de olhar de frente para este assunto e enfrentar a vontade do povo. Aí, caro leitor, não se admire que "metam o rabinho entre as pernas"...
"A diferença entre os corajosos e os cobardes é
esta: os primeiros reconhecem o perigo e não sentem medo, os segundos
sentem medo sem reconhecer o perigo."
Kliutchevski, "Aforismos"
João Correia