Fartos dos Mercados, Fartos de Austeridade. Quando é que isto termina?

"Começámos a ouvi-la com a Grécia e a Irlanda, continuámos a ouvi-la em relação a nós, agora ouvimo-la de novo (em qualquer rádio de qualquer língua europeia, é só escolher), numa sonoridade mais dramática, em relação à Itália e também à França e à Bélgica.

A frase “É preciso acalmar os mercados (ou a variante “conquistar a confiança dos mercados)” já não se aguenta! Assim como já não se aguentam perguntas como “E acha que a demissão de […escolha você] irá acalmar os mercados?” ou “E estas medidas, serão suficientes para acalmar os mercados?” 

Por mim, já chega. Estou farta. É que nem o pai morre, nem a gente almoça! Um após outro, os países vão sucumbindo à investida das ditas bestas. Vamos para a guerra?

A verdade é que os mercados não se acalmam. Nenhum dos países europeus forçados à austeridade profunda conseguiu ainda acalmar mercado algum, quanto mais conquistar a sua confiança. Mais referendo, menos referendo, mais demissão menos demissão, mais eleições menos eleições, mais contágio menos contágio, mais compasso de espera menos compasso de espera, trocas de governos de esquerda por direita e de direita por esquerda, os juros continuam teimosamente a subir e nem a turbulência amaina nem a crise, muito menos, se resolve. Com juros a 20% e a subir, quando vai Portugal conseguir financiar-se no mercado? No euro, nem daqui a 50 anos!

Quando tudo estiver de rastos, será preciso a especulação chegar à Alemanha?

Alemanha que, entretanto, olha tudo isto do alto do seu pedestal (por enquanto), possivelmente esfregando as mãos de contente por, por um lado, ter a oportunidade de usar um chicote ao fim de décadas de abstinência (estou a ser mazinha), e, por outro, por tudo se estar a conjugar para dispor de um manancial de países de mão-de-obra barata à sua volta ou muito perto. Como se já não lhe bastassem a Roménia os restantes países do antigo bloco soviético. Mérito deles, sem dúvida, que bem aproveitaram as ajudas que tiveram no pós-guerra, e da sua situação geográfica, mas…mas … não sei porquê, parece-me que já estivemos mais longe de um conflito aqui na velha Europa… Com tanta humilhação (o que é isto de ditar a pergunta do referendo aos gregos?) e perda de soberania, alguns povos (conto com eles, e que inveja tenho deles) não se ensaiarão muito para mandar tudo às urtigas e que se lixe Wall Street e a bolsa de Frankfurt!"

in: Aspirina B