O Insurgente, que nada tem a dizer sobre as pressões e a intromissão
na soberania da Grécia ensaiadas pela Alemanha, a Áustria, a Finlândia e
a Holanda, acha mal que Hollande pressione a Itália a aceitar o resgaste da
UE. Parece-me natural. No fim de contas, François Hollande está a fazer
tudo o que prometeu em campanha e a economia da França rapidamente
respondeu de forma positiva. E a receita do presidente gaulês inclui
medidas inomináveis, entre elas um imposto sobre os mais ricos que vai incidir no património e nos rendimentos, um corte de 30% nos salários dos membros do Governo, o fim de várias benesses dos governantes
(carro pago pelo contribuinte, ajudas de custo, etc.) e a alocação das
verbas poupadas em programas de estímulo ao emprego de jovens
licenciados. Inconcebível, um Governo que se preocupa em dar o exemplo
nos cortes de despesa preocupando-se ao mesmo tempo em injectar esse
dinheiro em sectores da economia dependentes do Estado. Um Governo
preocupado em fazer incidir a austeridade sobretudo sobre os mais ricos.
Ainda bem que o nosso Governo PSD/CDS não está a fazer nada disto -
os carros dos governantes continuam a ser topo de gama, os salários não
baixaram (e Pedro Passos Coelho até acha que os políticos não são bem pagos) e os boys
continuam a entrar nos ministérios e nos institutos públicos ganhando
os dois subsídios que o resto da Função Pública perdeu. Abençoado
Governo de direita, que não segue a receita completamente alucinada dos
franceses...