Os jovens em ascensão nos partidos políticos estão a tomar posições de um retrocesso cultural inquietante - e alarmante, pois são posições que a nossa evolução recente não fazia prever.
Nuno Lobo (do CDS) defendeu, por exemplo, uma moção em congresso em que afirmava que as "famílias naturais" (?) "são compostas por homem e mulher orientados para o nascimento e a boa educação dos filhos", filhos que "são a finalidade do casamento".
No aludido congresso, elementos da mesmo estrato geracional (e mental) desconcertaram o público ao pretender reduzir para nove anos o ensino obrigatório no país.
Ao mesmo tempo, outro jovem, o líder da JSD, Hugo Soares, envergonha o parlamento, e parte do PSD, e de milhões de portugueses, com uma proposta referendária da co-adopção e adopção de crianças por casais do mesmo sexo.
Quem tem posições assim é porque "não está muito seguro de si e necessita de transferir para outros o que deveria resolver dentro dos seus armários", afirmava o psiquiatra Eduardo Luiz Cortesão - em apoio a Natália Correia quando, há mais de 20 anos, ela destruiu pelo ridículo, com um poema, ante o gozo geral, um deputado (igualmente democrata-cristão) por idêntico raciocínio num debate sobre a despenalização do aborto.
Vicente Jorge Silva tinha razão ao alertar-nos, também há duas décadas, para o surgimento de uma "geração rasca" - filha do pós-25 de Abril.
Portugal, que foi pioneiro na abolição da escravatura, na proibição da pena de morte, na legalização do casamento gay, colocando-se na vanguarda dos povos evoluídos, vê-se agora constrangedoramente atirado, por mentalidades destas, para o caixote do lixo da civilização. Nem todos os jovens são jovens. O que seria de nós se tais criaturas tomassem o poder nas suas mãos - e nos seus conceitos?
Por Fernando Dacosta
publicado em 23 Jan 2014
publicado em 23 Jan 2014
i jornal