Uma Questão de Coerência

1. No passado dia 24 de Novembro realizou-se mais uma greve geral. Um direito inalienável de todo e qualquer cidadão de uma sociedade verdadeiramente democrática.

Opiniões sobre os prós e contras da greve não faltaram, mas o que me custou mais ouvir foram as mudanças de discurso quando os protagonistas no poder são outros.

O povo tem o direito à indignação ordeira, ao protesto, à acção e reacção, essa foi uma das conquistas de Abril, mas se na última greve geral eu era da opinião que esta não traria nada de novo ao país, muito pelo contrário, não vejo razão para mudar de opinião desta vez.
O grande problema tem sido este. As diferenças de opinião de parte a parte, principalmente em todos os intervenientes políticos.

Hoje não faltam aqueles que criticam as actuais greves e manifestações, mas é curioso que há uns meses atrás foram seus entusiastas, apoiantes e participantes fervorosos. Para esses o que era uma questão de justiça, hoje é um absurdo e uma “malandragem”. Os partidos poderiam ter uma posição mais construtiva do que reaccionária e reivindicativa.

É por todas estas razões que as greves/manifestações deveriam ser integralmente apartidárias e a cargo da opinião e juízo popular em exclusivo.

2. A Fitch colocou Portugal no nível correspondente a “Lixo”. Para os actuais governantes, antes de 5 de Junho este posicionamento traduzia um Governo esgotado e incapaz, agora é um ataque especulativo que nem merece comentários.

Mais uma vez não posso mudar de opinião e reafirmo que desde 2008 as agências de rating moveram uma guerra sem precedentes aos países mais fracos do Euro, não escolhem Governos ou ideologias para o fazerem e este é mais um sinal disso mesmo.

Sejamos cumpridores ou incumpridores das metas traçadas, a avaliação é sempre a mesma até que a verdadeira União Europeia acorde deste Merkelismo repudiante que já nem a Alemanha poupa.

Tal como Sérgio Lavos afirma, em 1929 vivemos uma crise idêntica a esta. Os EUA implementaram o New Deal de Roosevelt/Keynes com um “reforço do investimento público e redução de impostos” e recuperou a economia americana.

Por seu turno Weimar tinha a tarefa de recuperar a Alemanha e tentou fazê-lo cortando nas despesas, no investimento do Estado e a contrair a economia pela poupança asfixiante.
O resultado disto foi um descontentamento generalizado entre os Alemães e Hitler subiu ao poder.

O resto da História não precisa de ser contada… toda a gente sabe o que se passou.


Nelson Oliveira
Coordenador da JS Lousada