Num ano de fortíssima concorrência, Paulo Portas acaba de dar um
passo de gigante para a conquista do Prémio Biltre 2012 ao ter comentado
com esta honestidade intelectual e exemplarismo ético uma frase
retirada do seu contexto, contexto esse do foro particular, e frase essa
absolutamente correcta; tão correcta que até Passos Coelho, um homem
invulgar, já a validou para o mundo poder concentrar-se em paz na
implosão da Zona Euro:
“O único comentário que me ocorre, com toda a franqueza, é que está explicado como é que o setor público e as empresas públicas atingiram o nível de dívida absolutamente astronómica que se atingiu em Portugal: é porque o primeiro-ministro pensava que não se pagava”, disse.
Paulo Portas comentava em Bruxelas, à margem de uma reunião de chefes de diplomacia da NATO, uma declaração proferida por Sócrates em Paris durante uma palestra, e hoje reproduzida pelo “Correio da Manhã”, segundo a qual “para pequenos países como Portugal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança”, pois “as dívidas dos Estados são por definição eternas”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS-PP disse que, ao ser informado dessa declaração, teve “que a ler segunda vez para acreditar que um antigo primeiro-ministro tinha dito isso”, e acrescentou que, “infelizmente, como as pessoas sabem”, porque estão a sofrer sacrifícios, “as dívidas pagam-se”.
O Ministro ensombrado de um Governo tétrico tem-se notabilizado por
conseguir fazer de Houdini um mero aprendiz perante a sua peculiar arte
para sair do palco sem necessidade de se enfiar em caixotes ou gaiolas.
Ainda ninguém sabe ao certo que técnicas Portas está a utilizar para
desaparecer de todas as situações onde o Governo defende o povo contra
os efeitos nefastos da presença de dinheiro nos bolsos dos
contribuintes, mas fontes especializadas, que não quiseram ser
identificadas, já disseram que estamos perante o maior espectáculo de
magia desde aquele número que fizeram no BPN.
Pois este ser ultimamente apagado e vadio teve um injecção de alegria
porque podia falar de Sócrates depois de alguns meses de carência. E
falou de ouvido, terá sido enganado por algum meliante desses do
rendimento mínimo? Não, confessa que leu. E que voltou a ler. São assim
os leitores do Correio da Manhã, voltam sempre ao local do crime onde assassinam a inteligência.
in: Aspirina B