 A
 proposta de extinção de freguesias foi, como se sabe, idealizada pelo 
Ministro Miguel Relvas. De acordo com esta lei (absurda, digo eu), até à
 passada segunda feira, os 308 municípios portugueses tiveram de enviar a
 respectiva proposta para unidade técnica junto da Assembleia da 
República.
A
 proposta de extinção de freguesias foi, como se sabe, idealizada pelo 
Ministro Miguel Relvas. De acordo com esta lei (absurda, digo eu), até à
 passada segunda feira, os 308 municípios portugueses tiveram de enviar a
 respectiva proposta para unidade técnica junto da Assembleia da 
República.
Relativamente
 à lei propriamente dita, esta não passa de um monumental disparate e 
sem qualquer mais valia em termos económicos e organizacionais. Ninguém,
 com o mínimo de imparcialidade, poderá atestar que, por exemplo, o 
concelho de Paços de Ferreira sairá beneficiado ou que o erário público 
vai ganhar 1 cêntimo com estas alterações. O que aconteceu foi apenas 
uma obediência cega e acriançada às ordens emanadas pelo defunto 
Ministro Relvas, ao fundir 4 das 16 freguesias, e retirar do mapa, sem 
qualquer pudor, a freguesia de Modelos. Com isto Pedro Pinto, presidente
 dos autarcas social democratas, provou que acima da terra que o elegeu 
está o seu PPD.
Mas
 a absoluta falta de senso e decoro políticos do dito Dr. Relvas, também
 nesta matéria voltou a ser evidente. A história é simples e ridícula. 
Como se sabe, o Ministro Relvas é também presidente da Assembleia 
Municipal de Tomar. De acordo com a lei que esta ilustre figura da 
democracia portuguesa idealizou, compete à Assembleia Municipal votar e 
enviar a proposta final de reorganização das freguesias para Lisboa. 
Seria natural que, pelo menos em Tomar, o procedimento fosse seguido 
como mandam as regras que o seu Presidente da Assembleia Municipal, na 
qualidade de Ministro, colocou no papel.
Sucede
 que, paradoxalmente, não foi isso que aconteceu. No dia 3 de Outubro a 
Assembleia Municipal deliberou enviar para Lisboa o mapa das freguesias 
de Tomar. Até aqui a lei que o Relvas Ministro fez foi cumprida pelo 
Relvas Presidente da Assembleia Municipal. Mas o conteúdo da 
deliberação, esse é surreal: Aquilo que o Relvas Presidente da AM 
entregou ao Relvas Ministro foi a manutenção das mesmas 16 Juntas de 
Freguesia de Tomar!
Aliás,
 a votação na Assembleia Municipal de Tomar foi sintomática: à proposta 
apresentada pelo PS local no sentido de se manterem as 16 Juntas de 
Freguesias, apenas um eleito do PSD votou contra.
Mas
 a trapalhada não fica por aqui. A tal unidade técnica que decide a 
reforma (Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do 
Território) é presidida pelo presidente da Assembleia Municipal de 
Coimbra, Manuel Porto. O autarca já disse, várias vezes e em público, 
que é contra a reforma. E o órgão a que preside decidiu, por 
unanimidade, rejeitar a redução de freguesias. Manuel Porto 
solidarizou-se e até votou contra a redução. 
Face
 a tudo isto, aquilo que sinceramente espero é que ainda haja uma réstia
 de respeito pelos portugueses e, em consequência, esta reforma seja 
definitivamente abandonada. A estupidez é como a paciência…tem limtes!
in: Verdadeiro Olhar 
 
