
Ao contrário de outros portos em que as concessões foram efectuadas a preço de saldo, em que as administrações fizeram "dumping" nas tarifas, o modelo de Leixões permite, através das suas receitas geradas pelas cargas movimentadas, um lucro que permite remunerar os capitais do Estado e que deixa, ainda, margem confortável para o reinvestimento.
A consequência desta política é óbvia: as mercadorias que passam por Leixões pagam uma contrapartida líquida maior para o erário público do que aquelas que transitam por outros portos, mas isso permite que a APDL reinvista em melhoramentos que aumentam a competitividade do porto. E, entre esses investimentos, podemos citar o Terminal de Cruzeiros e a plataforma logística que, de outra forma, nunca teriam sido realizados, e têm um efeito multiplicador na economia regional. Leixões continuará, pois, a precisar de uma gestão que perscrute os anseios da comunidade portuária, garantindo e prevenindo, com infra-estruturas adequadas, a resposta ao tão desejado crescimento das exportações, que também depende do investimento continuado na cadeia logística. Isso permitiu que, em 2011, as exportações por Leixões crescessem 27,5%, e ainda mais do que isso para fora da Europa.
Pelo contrário, integrado numa empresa pública com portos que não são auto-sustentáveis, todo o superavit gerado pela mercadoria movimentada em Leixões será canalizado para o bolo comum, subvencionando aqueles em que as mercadorias têm um contributo líquido negativo. E, desta forma, a economia do Norte estará a sustentar esses modelos, continuando a pagar mais, e nada recebendo em troca. Se há portos insustentáveis por culpa própria e dos agentes económicos envolvidos, compete ao Estado rever a sua estrutura, renegociar as concessões e ajustar as suas tarifas.
Por essa razão se levantaram vozes contra a "holding" pensada pelo Governo de Santana Lopes, e contra um projecto ainda mais centralista e em tudo idêntico ao actual, desenhado pelo de Governo de Sócrates, em 2010. Pela mesma causa, é fundamental que as forças vivas da Região não se deixem iludir, desta vez com a justificação de que é preciso fazer economias. Se é consensual que o crescimento económico impõe que exportemos mais e que procuremos um cabaz de clientes internacionais que não se restrinja à Europa, se temos uma economia asfixiada pela falta de capitais, se temos custos de contexto elevados e tantos outros problemas que limitam a nossa produtividade e a nossa competitividade, temos então o direito de exigir, pelo menos, que nos façam o favor de não estragarem aquilo que está direito..."
in: JN