A
politica pode muito bem ser vista como uma valsa, onde os melhores dançarinos
se encontram para seduzirem o seu par, atentos, de sentidos apurados, sabem de
antemão a posição das mãos no corpo, a imposição da marcha e até mesmo que
palavra sussurrar com a malícia de quem conquista e astúcia de quem já não
sente.
São
movimentos mecânicos ensaiados, onde o detalhe pauta toda a acção, a competição
é feroz e dançarino que não conquista o par não está habilitado para dançar. Foi
esta a elação que tirei quando tive o meu primeiro contacto com a realidade das
Juventudes Partidárias. Na altura a febre de pertencer a um partido estava em
alta e toda gente tinha jantares mensais onde demonstravam o seu apreço pelas
políticas da cor do vinho servido, desculpem da Cor do Partido.
Era
incrível, tinha amigos com uma consciência política tão grande que pertenciam a
duas Juventudes, sinal de que tinham dois jantares e isso era muito à frente.
Tanto
jantar e discurso tinham que surtir algum resultado positivo, evitando assim a
total miséria de resultados negativos em absoluto, na realidade, ao fim de meio
aninho os mais resistentes da vida boémia já cantarolavam palavras de ordem e
posições fincadas em todos os campos da política nacional.
Este
cenário marcou negativamente a minha ideia de política durante todo o
secundário. Algo estava errado, os partidos formavam coros, e o número de
coristas era fundamental, quantos mais, melhor. Todos desafinados é certo, mas
ia dando para fazer manchetes e lindas capas de jornal.
No
entanto, nos últimos anos as estruturas das Juventudes Partidárias alteraram-se
por completo, actualmente a prioridade é, formar militantes com consciência
cívica, política e social, com capacidade de intervenção. Há um esforço por
proporcionar um fluxo constante de aprendizagem e evolução, dando finalmente um
corpo consistente à minha ideia de Politica.
Por
muito negativa que seja a imagem actual de um Político, esta nova geração
promete revolucionar esse conceito, isto é, se for capaz de manter o seu pensamento
livre.
Hoje
a Valsa é complexa, não se decora, estuda-se e compreende-se.
Artur
Coelho
JS
Lousada
in: TVS