JS Distrital do Porto exige abertura de concursos para especialidades médicas




A Federação Distrital do Porto da Juventude Socialista vem por este meio repudiar de forma veemente o caminho seguido pelo Ministério da Saúde que culminou com a recente rutura dos serviços de urgência por todo o país.

Perante um Governo que ao abrigo de uma alegada racionalização de custos, tenta desde 2011 desmantelar aos poucos o Serviço Nacional de Saúde, tornando-o menos atrativo, capaz e eficiente, somos confrontados com uma série de notícias que nos dão conta do caos permanente nos serviços hospitalares nacionais que culminam muitas vezes com a morte de cidadãos dada a fraca capacidade de resposta inerente ao número deficitário de profissionais de saúde nos diversos serviços.

Assim cumpre-nos assinalar:

  1. De acordo com o Sindicato Independente dos Médicos, as “administrações têm avançado na contenção de custos, reduzindo numericamente a composição das equipas médicas a mínimos perigosos”;
  2. A par disto, o Ministério tem encerrado paulatinamente os SAP e recusa a abertura de USF – fator decisivo para a maior afluência de pacientes junto dos Hospitais centrais;
  3. Deparamo-nos com uma emigração acentuada de jovens médicos que inexplicavelmente, não obtendo contratos de trabalho no fim do internato, são seduzidos com elevados salários e excelentes condições de trabalho no estrangeiro.
  4. O país aposta milhões de euros na formação de altos quadros médicos durante longos anos sem ter no final o necessário retorno e aproveitamento destes recursos humanos.
  5. O reforço temporário das equipas médicas com “tarefeiros” – solução recorrente do Ministério da Saúde - não privilegia a adequada prestação de serviços médicos à população, não é aconselhado pela própria Ordem dos Médicos e nem sequer reflete uma poupança significativa ao erário público.


Consideramos particularmente graves as palavras do Senhor Secretário de Estado Adjunto da Saúde – F. Leal da Costa, que, num tom que vem sendo habitual, tenta desta vez responsabilizar os médicos dizendo, ironicamente, que “não sabe quantos Portugueses trabalham a 30 euros/hora”, tecendo dessa forma críticas à ética e profissionalismo destes.
Perante isto a JS Porto relembra ao senhor Secretário de Estado Adjunto o seguinte:

  1. É uma opção do atual Governo PSD/CDS pagar 30 euros/hora a empresas privadas que prestam serviços junto dos Hospitais, onde apenas uma parte deste dinheiro é entregue aos profissionais.
  2. É uma opção do Governo preferir esta alternativa em vez de contratar efetivamente os clínicos que custariam aos cofres do Estado – 15,84€/hora (Assistente Hospitalar, Escalão 1), tal como foi firmado no Acordo de 2012 - http://simuploads.simedicos.pt/9bbfe9295.pdf

Desta forma, para evitar o ressurgimento destes casos, a Federação Distrital do Porto da JS, solicita ao Ministério da Saúde o total aproveitamento dos recursos humanos altamente qualificados existentes no nosso país, no sentido de ser garantida a ampla abertura de concursos após internato para as especialidades médicas mais carenciadas, reforçando de forma sustentada os serviços hospitalares nacionais e, por outro lado, impedindo a emigração massiva de jovens médicos, após o notório investimento dos contribuintes na sua excelente formação.

Secretariado Federativo da JS Porto
Aprovado por unanimidade em Comissão Política Federativa
Póvoa de Varzim, 8 de Janeiro de 2015