O incómodo chamado Álvaro

Estava já o governo de Santana Lopes em gestão, mas Paulo Portas ainda encontrou força anímica para celebrar um contrato de aquisição de torpedos para o Arpão e o Tridente, na módica quantia de 46,2 milhões de euros. Aconteceu 12 dias após as eleições legislativas, quando se pensava que o ex-ministro da Defesa andava numa roda-viva a tirar fotocópias.

Passados quase oito anos, as contrapartidas acordadas têm uma taxa de execução nula. Por isso, o Álvaro aproveitou as últimas três semanas de incerteza, em que o pau ia e vinha, para dar “instruções para ser declarado o incumprimento definitivo do contrato de contrapartidas da compra dos torpedos para os submarinos.”

No entanto, nem todas as histórias acabam bem com esta singeleza. Com a demissão do Álvaro, o Ministério da Economia foi entregue ao CDS-PP, sob a alta coordenação de Paulo Portas. E agora?

ADENDA — Eu sei que já não vivemos em asfixia democrática. Em todo o caso, não me recordo de algum jornalista questionar Paulo Portas sobre os motivos por que se deu ao trabalho de assinar contratos 12 dias após as eleições que removeram a coligação de direita do poder.

in: Câmara Corporativa