Junte-se Madeira e JSD e sabemos que o resultado só pode ser uma má comédia para adolescentes. José Pedro Pereira é um "afilhado" de Alberto João Jardim.
E sendo seu "afilhado", segue escrupulosamente as pisadas do
"padrinho". Só que a ordinarice, imagem de marca do PSD local e do
presidente regional, extravasa, no caso do rapaz, a vida política. Com
vários processos à perna, o deputado regional é acusado de vandalismo, por ter urinado num carro da PSP.
Um caso raríssimo de tentativa de punição legal de um quadro local do
PSD. Talvez seja esta a fronteira que o desbragamento da vida política
medeirense tolera.
O estilo dos jotinhas de Jardim também se sente na
relação com a oposição. Recentemente, o secretário-geral-adjunto da
JSD-Madeira, André Candelária, demitiu-se porque não gostou, ao que
parece, de ver o seu nome num "comunicado" da juventude partidária. A coisa era sobre o líder da JS local. E, com o título "Ai, Ai, Burrito!",
podiam ler-se pérolas literárias como esta: "O débil mental da
tentativa falhada de Juventude Partidária, mais uma vez, na sua paixão
não correspondida pelo líder da JSD Madeira, procurou, e à falta de
ideias em prol da Juventude da Madeira e Porto Santo, fazer propaganda
pessoal às custas do grande trabalho da JSD Madeira e do seu líder." Ou
esta: "A JSD Madeira quer ainda deixar o seu muito OBRIGADO ao "Burrito"
Orlando, pois sem este a Juventude da Madeira e Porto Santo não fazia
sentido. Essa mesma juventude que já há muito tempo pediu a
independência dos seus débeis e desgraçados contributos para esta
terra."
Tudo isto deveria ser indiferente. Indigno de se
referir, a não ser, talvez, na porta de uma casa de banho de um liceu.
Acontece que estes senhores são deputados e o lider da jota demissionário até promete voltar, quando for crescidinho, para liderar o governo regional. Acontece que a degradante vida política madeirense não nasceu do nada. Nasceu da impunidade que a República garante, há décadas, a este deprimente "elite" local. Nasceu de uma cultura antidemocrática que o presidente regional alimenta e as instituições do país toleram.
Estes comportamentos não são o retrato dos madeirenses, que não são nem melhores nem piores do que o restantes portugueses. É
o acontece à política quando as regras democráticas são esquecidas e
nos convencemos que basta haver eleições para que se viva em democracia.
Não se enganem. Há, no parlamento nacional, alguns
senhores do calibre deste rapaz. A diferença é, apesar de tudo, que as
instituições democráticas, mesmo que em serviços mínimos, ainda
funcionam. Quando passarmos definitivamente a aceitar que as regras
democráticas e a ética política (não aldrabar o Parlamento em matéria
factual, por exemplo) são um luxo que a crise torna irrelevantes, todo o
país será finalmente uma enorme Madeira. Já esteve mais longe.