Colher os frutos da «década perdida»


A OCDE confirma: «Os esforços de Portugal para melhorar o nível de qualificação e competências da sua população adulta estão a mostrar resultados encorajadores». Com efeito, é destacado no relatório anual Education at a Glance 2014, hoje divulgado pela OCDE, que houve uma redução significativa da população entre os 25 e os 64 anos que apenas possui qualificações até ao nono ano de escolaridade: se, em 2000, essa parte da população ainda representava 81%, reduziu-se, em 2012, para 62%. Uma recuperação de quase 20 pontos percentuais. 

Não é caso para deitar foguetes, porque Portugal está entre os três países — só ultrapassado pelo México e pela Turquia — com maior percentagem de população adulta sem o ensino secundário completo (o que se deve sobretudo às baixas qualificações dos adultos entre os 55 e os 64 anos de idade). 

E menos razões haverá para deitar foguetes se nos lembrarmos que Nuno Crato tem um desmedido fascínio pelo vazio: destruiu o programa criado pelo Governo de Sócrates para recuperar este atraso nas qualificações — e não instituiu nada em sua substituição. 

Neste sentido, o título da notícia do Jornal de Negócios induz em erro, porque o tempo do verbo deveria estar no pretérito perfeito: «OCDE: Aposta na qualificação de adultos está a terteve "resultados encorajadores" em Portugal.»

ADENDA — O blogue da direita radical faz outra malabarice: afiança que Portugal está um pouco abaixo média do investimento na educação nos países da OCDE. Só que os dados utilizados na comparação respeitam a 2011 e, assim, omite-se os brutais cortes na educação levados a cabo pelo actual governo desde 2012.

in: CC