Que se segue à vergonha, Cavaco?




"O Presidente da República diz que devemos ter vergonha por haver quem passe fome neste país.

Os portugueses devem sentir-se «envergonhados por estarmos no século XXI, Portugal ser uma democracia, ser um país que, apesar de tudo, está num desenvolvimento acima da média. No entanto, alguns de nós sofrem de carência alimentar»


Dezembro de 2010, vésperas das eleições presidenciais de 2011


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Cavaco já sentiu vergonha por existir quem passasse fome cá pelo burgo. Estávamos em 2010, um ano em que os socialistas arruinavam o País distribuindo pelos mandriões o rico dinheirinho que a gente séria se esfalfava a ganhar só para depois ser obrigada a entregá-lo ao Estado. Esse período tem um nome histórico, cunhado por uma das mais probas e exemplares figuras da política nacional de todas as eras: “Regabofe”. Num ciclo de regabofe, dizem os cientistas sociais, o poder está invariavelmente nas mãos do PS que o usa para conduzir o País à bancarrota no mais curto espaço de tempo. Essa pulsão, que nem Freud explicaria, gera alguns famélicos, é sabido – geralmente, indivíduos tão mandriões, tão sornas, tão socialistas que nem sequer têm energia para se levantarem da cama e irem buscar uma saca de euros acabados de imprimir à repartição pública mais próxima. Foi destes infelizes que Cavaco falou indignado e pesaroso, juntando-se na ocasião a uma magnífica iniciativa destinada a conseguir alimentá-los com as sobras dos restaurantes; uma técnica conhecida como “alimentação intravenenosa”, muito aplicada por especialistas em caridade à la carte.

Pois bem, Cavaco. Que estado de alma nos recomendas em Maio quase Junho de 2013, estando o da vergonha tão, mas tão, desactualizado?
in: Aspirina B