Um Orçamento de todos e as incongruências de alguns



Mediante a apresentação do Orçamento de Estado para 2016, reparamos que a direita tende a criticar este orçamento por 2 caminhos indissociáveis. Numa primeira fase, alegavam que iria haver um “brutal aumento de impostos”. Depois de desmentidos pela realidade e pela UTAO, até Passos Coelho (PC) já diz que esta diminuição de impostos só foi possível graças ao “bom desempenho do seu governo” e que “até ele já tinha começado a descer os impostos”.

Pois bem. É a isto que batemos palmas. À descida de impostos corroborada pela UTAO e até por Passos Coelho.

Ora se à esquerda já existe voto favorável garantido, perante tal mudança de discurso no PÁF, não é de admirar se votassem a favor – até porque o atual orçamento foi corrigido diversas vezes para acomodar desvios e erros eleitoralmente não resolvidos por Passos e Portas.

Mas se há coisa que repudio e certamente deve aborrecer a grande maioria dos Portugueses, é conceder, também neste OE, dinheiro dos contribuintes para pagar e corrigir erros dos privados.

Cerca de dezasseis mil milhões de euros já foram dados a BPN, BES e BANIF.

16 mil M€ oferecidos a bancos que, por norma, os seus acionistas tem um ideológico horror a tudo o que é público, exceto quando se trata de pagar os seus danosos atos de gestão.

Na última semana, PC disse que enquanto foi Primeiro-Ministro o BANIF deu sempre lucro. Contudo, há bem pouco tempo, a 22 de dezembro de 2015, o mesmo PC afirmou que “não tinha uma solução muito diferente” daquela que foi encontrada pelo Governo de António Costa e que este foi “diligente” na forma como atuou, assegurando a “estabilidade financeira” e os “depositantes do BANIF”.

Para além da incongruência de discurso no espaço de 2 meses, vamos aos factos: em 2011 o BANIF apresentou prejuízos de 162 M€, em 2012 (-584 M€), 2013 (-470M€) e 2014 (-295M€).

ML Albuquerque, ex-Ministra das Finanças, admitiu que fez “oito tentativas para reestruturar o BANIF”. Mas então se dava lucro, por que ML Albuquerque e a União Europeia queriam reestruturar o banco?

Aliás, este novo posicionamento do PSD revela-se atroz perante tudo aquilo que fizeram no passado, senão vejamos:

Combustíveis: Apesar de compreender a preferência pelo aumento do imposto sobre os produtos petrolíferos (em queda nos mercados internacionais) em vez de cortarmos pensões ou salários, julgo ser exagerado o valor deste aumento num país que tem de incentivar o crescimento económico e a classe média. Contudo, não deixa de ser curioso o PSD criticar este aumento de 6 cent. quando em outubro de 2014 aumentaram, ao abrigo da “fiscalidade verde”, os combustíveis em 8 cent.

TAP: PC disse que pretende explicações do atual governo dada a presença de capital chinês na TAP. É curioso que foi o mesmo ele próprio que convidou esses mesmos Chineses para apresentarem propostas na privatização da TAP! E já agora, foi este mesmo deputado que enquanto Primeiro-Ministro vendeu a EDP à China Three Gorges, ou melhor, ao Estado Chinês dominado pelo Partido Comunista.

Bem prega Frei Tomás…