Os juros portugueses estão a recuar em todos os prazos, com os investidores a reagirem positivamente à aprovação do Orçamento e ao anúncio de três leilões de recompra de dívida por parte do país.
Os juros portugueses estão a recuar em todos os prazos, depois de o Orçamento do Estado (OE) para 2016 ter sido aprovado no Parlamento, esta terça-feira, 23 de Fevereiro, e de o IGCP ter adiantado que vai avançar com três leilões de recompra de dívida. As "yields" portuguesas seguem a contrariar a tendência de subida entre os restantes países da periferia.
A taxa de juro da dívida a 10 anos de Portugal segue a cair 3,7 pontos base para 3,368%, com a "yield" a prolongar a queda registada no fecho da última sessão. Esta correcção surge depois de os partidos de esquerda terem votado a favor das medidas propostas pelo Executivo de António Costa no OE, aprovando o documento.
A aprovação do Orçamento melhora a confiança dos investidores e reduz a probabilidade de descidas de "rating" por parte das agências de notação financeira, diz o Barclays, numa nota citada pela Bloomberg.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, afastou ainda uma reestruturação da dívida nacional. "Não temos necessariamente a mesma posição" sobre a reestruturação da dívida, disse Mário Centeno dirigindo-se ao deputado do PCP, Paulo Sá, que levantara a questão sobre este assunto. O governo está "aberto" para esse debate, mas "não o suscitará", estando disposto a entrar nesta discussão "quando se colocar em termos europeus".
Recompra de dívida
No mesmo dia em que o OE para 2016 foi aprovado, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) adiantou que vai avançar com três leilões de recompra de obrigações do Tesouro (OT). As operações estão agendadas para a próxima quinta-feira, 25 de Fevereiro, com o instituto liderado por Cristina Casalinho a oferecer-se para adquirir os títulos que vencem entre 2017 e 2019. Já o montante disponível para a operação não foi divulgado.
Incluídas na operação estão as linhas de dívida que vencem em Outubro de 2017, Junho de 2018 e Outubro de 2019. Em comum têm o facto de contarem com taxas de cupão superiores a 4% - entre 4,35% e 4,75% -, das mais elevadas que Portugal tem actualmente no mercado.
Periferia agrava juros
Ao contrário de Portugal, Espanha e Itália estão a registar um agravamento dos seus juros. A "yield" exigida pelos investidores para comprar dívida italiana a 10 anos está a aumentar 0,3 pontos base para 1,533%, enquanto o juro a 10 anos de Espanha sobe 0,4 pontos base para 1,638%.
Já as "bunds" alemãs estão a cair. Descem 2,8 pontos base para 0,155%, perante a procura dos investidores por segurança perante a turbulência nos mercados.