Qual Campanha?


Considero absolutamente deprimente o que se tem vindo a passar com a nossa chamada ‘campanha’ eleitoral nacional. Sempre que me deparo com mais uma iniciativa (dos dois lados da barricada) penso inevitavelmente que se algum dos candidatos fosse questionado sobre o seu próprio programa eleitoral a resposta seria vaga ou ambígua. Diretores de campanha com mais poder que os candidatos, juventudes partidárias com mais voz que cabeça, propostas com mais tinta que objetivos, tachos e panelas mais abundantes que nomeações por mérito e no fim uma salgalhada tão grande que já nem areia nos atiram para os olhos, limitam-se a atirá-la ao ar, e o povo incrédulo ignora para não desesperar.
Primeiro ponto que gostaria de esclarecer: a publicidade é uma ferramenta que deve estar ao serviço das campanhas, não o contrário; ponto dois: outdoors com caras e slogans vazios são o reflexo de um mandato pobre e desgovernado; ponto três: ressuscitar personalidades políticas ainda vivas é o mesmo que praticar vodoo, muito bonito para quem acredita, ridículo para quem conhece a ciência; ponto quatro: parem com as ‘arruadas’ em que os candidatos se sentam nos muros das casas com a sua roupa mais desportiva na esperança que o povo se identifique com eles; ponto cinco: parem de se copiar uns aos outros; ponto seis: demagogia é política barata, lá porque nas séries americanas o fazem não quer dizer que a hipocrisia e a mentira sejam aceitáveis; ponto seis: falsas promessas e renomeações de ultima hora fraturam as equipas e colocam em causa todo o trabalho que vier a ser desenvolvido dai para a frente. Posso continuar mais um pouco? Desculpem se estou a ser duro, mas a paciência tem limites, ponto sete: deixem as igrejas para os verdadeiros cristãos, ou então assumam-se de uma vez e vão lá o ano inteiro; ponto oito: romarias, tascas e jantares são coisas de amigos e famílias, não são comícios a céu aberto, ou seja, se não têm capacidade para encher uma praça, não vão para uma já cheia na esperança que o povo ache que é por vossa causa; ponto nove: antes de usarem as redes socias, encontrem técnicos que as saibam usar e fotógrafos que realmente saibam fotografar, qualquer dia podemos fazer o top corcunda, ou o top olhos fechados e sovacos suados.
Cansei-me de escrever, cansei-me de vocês e da política de segunda, vou apostar em mim, na minha terra e nos meus pares, daqui a uns anos seremos nós, com mais formação, mais cultura e certamente com mais bom senso.

Artur Coelho
JS Lousada