A desfaçatez, até para os ateus, é de dimensões bíblicas.



"O Governo já se convenceu que vai perder as eleições legislativas. O pavor em relação a António Costa levou, hoje, a uma das maiores demonstrações de falta de vergonha por parte deste executivo, e não é fácil bater os seus próprios recordes neste capítulo.

A propósito de uma taxa de 1 euro, não houve castiçal do Governo que não viesse a público, incluindo o Primeiro-Ministro, dois Ministros, dois partidos e um sem-número de avençados e empresas especialistas no megafone mediático, devidamente oleados para uma inusitada barragem de ataque a António Costa na imprensa, nas redes sociais, nos meios online, em fóruns, nos debates no cabo, em tudo.


A desfaçatez, até para os ateus, é de dimensões bíblicas.

Pois esta gente que perora sobre a tragédia da taxa de 1 euro para turistas não se escandalizou com a privatização da ANA que já levou a 7 aumentos nas taxas do aeroporto de Lisboa, ignorou os 10% de aumento no IVA para as actividades de restauração/hotelaria, é indiferente aos aumentos fiscais sobre os combustíveis (entre 5 a 6,5 cêntimos por litro em Janeiro de 2015) que penalizam toda a actividade económica e em especial a de turismo, vai cobrar 10 cêntimos por cada saco em que os turistas metem os souvenirs que compram por aí, desconhece o reflexo nos preços aos turistas da obscura taxa alimentar que a ministra Cristas impôs aos supermercados, nunca se preocupou com o impacto turístico do fim dos feriados e, já agora, presume-se que os turistas nunca vão adoecer, tal o custo das taxas moderadoras nos hospitais portugueses.

E como a narrativa não pode sair de uma pauta tosca, eles não dizem que António Costa fez uma redução histórica de impostos em Lisboa com o voto favorável de todos os partidos na Assembleia Municipal e reduziu a média de taxas e impostos municipais em 144,47€ por habitante.

Esse esforço é especialmente relevante no contexto da quebra de receitas municipais e do maior aumento de impostos da história de Portugal, que foi feito pelo PSD e pelo CDS, levando a que em 2015 a expectativa de cobrança de impostos para portugueses, e não estrangeiros, seja de 38,8 mil milhões de euros, dos quais mais de 28,4 mil milhões resultam directamente de IRS e de IVA.

Perante tudo isto, e embora fosse útil, infelizmente com 1 euro não se compra um módico de vergonha na cara."
 
Tiago Barbosa Ribeiro