Contra os Independentes Politizados



Não me irei alongar a tecer considerações sobre o recorrente estado da política nacional e internacional. É perfeitamente óbvio e mais do que debatido, uma perfeita inércia de valores, contrastando com exigências colossais aos diferentes povos, no sentido de resolver uma gigantesca crise financeira que nos trouxe enormes repercussões mundiais e onde os principais culpados são aqueles que são mais protegidos e até financiados.

Evidentemente não temos tido o engenho e a arte de eleger políticos mais bem preparados, conscientes e preocupados com a sustentabilidade futura dos países ao invés do ato eleitoral seguinte.

Ainda assim, no meio de tantas críticas temos que reconhecer o valor de pessoas que se prestam a tentar governar o país, mesmo com todas as dúvidas e críticas sobre as suas reais intenções.

Um dos grandes problemas que nos debatemos ultimamente está relacionado com a origem de uma parte das críticas. Esta origem requer preferencialmente uma análise sociológica e pouco política, uma vez que advém de personalidades que se tornam conhecidos por serem Independentes Politizados.

Esta nova classe de opinion makers, encontra-se numa posição invejável, proveitosa e de todo impossível de combater. São pessoas que tem opinião sobre tudo, com pontos de vista ferozes, mas que nada fizeram nem nunca irão fazer para tentar melhorar o atual estado de situação do país, da política e da sociedade em geral. Seja num nível macro em termos internacionais, ou em circunstâncias micro, no meio onde residem.
Por muito que se discorde do posicionamento político ideológico de alguém, só temos que elogiar a capacidade de se ser alternativa, apresentando-se a votos. A sociedade começa a ficar saudosa dos velhos do Abril. Aqueles que sempre lutaram, saíram de casa para as ruas demonstrando as suas opções políticas sem nunca terem medo de dar a cara, mesmo estes tendo consequências como a privação da liberdade.

Agora os Independentes Politizados são impossíveis de combater porque não tem passado, não tem ação, não tem erros próprios da condição Humana mais pura. Com esses, uma sociedade que se quer evoluída não pode contar porque têm medo do erro, sofrendo dessa forma o pior de todos os males - a incapacidade. Destes, nunca irá rezar a História.

Situam-se na posição mais simples. No conforto do lar. Pendendo as suas preferências por quem tem mais influência, por quem venceu eleições, por quem tem mais recursos financeiros e por quem está na mó de cima. Ou então transformam-se no oposto, tornando-se oposição a tudo.

Estes nunca perdem. Vencem sempre. Os outros são os culpados por não terem feito isto ou aquilo, por no passado terem dito algo que agora não podem fazer. Estão em todo o lado. Seja na mesa do café, nas redes sociais ou em programas de televisão com os holofotes da fama voltados para a sua impoluta pessoa.

Num país ávido de soluções que não se vislumbram fáceis nem simples, há que pugnar pela união, pela força do conjunto, alterando comportamentos pela iniciativa popular.

Num país que a cada ato eleitoral fazem-se promessas obtusas, juntemos esforços para combater uns e outros. Agindo, mas tomando “partido”. Apontando o dedo, mas dizendo, “eu fiz, faço ou proponho-me a fazer melhor”. Acabe-se com a letargia imposta por uma sociedade com pânico da responsabilidade e horror à política, mas que passa a vida a falar dela.
Tal como Platão, “o maior castigo pela tua não participação na política, é seres governado por inferiores”.

Só com união e ação, é que conseguimos fazer Abril.