A filha de Relvas já pode voltar a sorrir



Foi o momento mais bonito do congresso. E não só deste. Passos anunciou o regresso de Relvas. Aliás, correcção: Passos lembrou que Relvas nunca se foi embora, mas como estava a lidar com congressistas, uma malta dada à distracção e à amnésia, fez um desenho. E apontou para a sua lista ao Conselho Nacional -”Vêem? Aqui está ele. Mesmo no topo que é para ninguém se fazer de parvo. Pronto. Vamos lá a despachar o resto desta merda.”

Relvas merece a distinção e o estatuto. É preciso ter em conta que apesar de ter mentido sob juramento numa comissão de inquérito no Parlamento e logo em matérias relativas à segurança nacional, ter tentado chantagear um jornal e alguns jornalistas, ser uma das maiores autoridades nacionais em folclore e ter conseguido dar uma lição de moral a toda a família de Sócrates, este probo teve invariavelmente o apoio de Passos, o silêncio de Cavaco, a anuência de Seguro e até a defesa galharda de António Costa. Que dizer? É um dos nossos melhores.

Acabou a travessia frenética do Atlântico, sempre mas sempre à procura do conhecimento permanente, essa pedra filosofal que transforma cargos no Estado em ouro. Ou não acabou, porque ele continua no Brasil. A fazer o quê? A defender a língua portuguesa com toda a sua sapiência e experiência académica. E que melhor referência para essa subida missão existirá do que o próprio Passos, o seu companheiro de tantas aventuras e alguém que tem inovado forte e feio na sintaxe e estilística da língua de Camões? Pelo que tudo está bem quando recomeça bem. E a miúda, coitada, também regressa sorridente e aliviada ao orgulho filial.

in: Aspirina B