João Correia (PS) |
A morte de Mário Soares é uma perda terrível para todos nós. Particularmente, direi ter sentido de forma quase onírica o desaparecimento de um dos fundadores do nosso sistema democrático hodierno e um camarada que sempre olhei com um temor reverencial positivo.
A história pessoal e vivencial desta personagem que marcou a vida política e social do nosso país durante mais de meia década, é por demais conhecida. Foram de Mário Soares os primeiros livros de teor político que li e foi um verdadeiro e singular privilégio ter podido confrontá-lo com as suas ideias. Momentos singulares e únicos; um homem de uma habilidade extrema de pensamento, fluído na sua expressão e honrado no seu combate. Como ele, sou um amante da social-democracia, sendo que a divisão sempre foi só uma: Deus.
A sua obra vai ser recordada e os historiadores serão, pelo menos, consensuais em considera-lo como um dos obreiros que evitou que o nosso país seguisse uma matriz soviética que, como é mais que óbvio, teria sido fatal para um país Atlântico e Europeu. A sua visão, respaldada por milhares de Portugueses, é o país que temos hoje, com virtudes e defeitos, mas (e agora sei-o) adorado por milhares de pessoas estrangeiras que olham para o nosso país com um misto de admiração e incompreensão pela nossa de portugalidade e amor próprio a um país que, afinal, não é assim tão mau.
Há uns anos, os Lousadenses também perderam um Mário muito parecido e dedicado, cheio de garra e com uma capacidade de luta invejável. Talvez Mário seja o nome das pessoas que são, afinal, capazes de desafiar os desafios.
Talvez seja possível que, cada um de nós, com vontade e empenho, se torne um “Mário” nas nossas comunidades, nas nossas atividades. Aí, provavelmente, aprenderíamos a amar a nossa terra, o nosso país, de uma forma igual e, quiçá, quase transcendente.
João Correia
in: YES Lousada