Com “toda a dor, toda a raiva”…



Por João Ferro.

                 A tática dos governantes e dirigentes partidários do PSD/CDS é sempre a mesma, quando alguém critica a situação política e económica atual ou quando se apresentam outros caminhos, outras soluções e propostas com vista à saída de Portugal desta crise:

Tentar desviar o olhar para o passado, procurando assim branquear a sua própria e importante responsabilidade na situação a que conduziu a sua política exclusiva e cega de austeridade, a política “do mais que a troika”.

Em 2011, bem ou mal, o passado já foi julgado. Os que estiveram no poder até então perderam as eleições. Pedro Passos Coelho ganhou as eleições, constituiu o governo de coligação PSD/CDS e um novo ciclo começou.

E é do julgamento desse novo ciclo de governação que se vai tratar nas próximas eleições em Outubro deste ano.

Não vale a pena tentarem agitar com o “papão” do regresso ao passado!

Não vou aqui falar dos números do produto interno bruto ou da dívida pública, do desemprego, do número de empresas destruídas e dos respetivos empregos, na queda do investimento, do desinvestimento na saúde ou na educação e investigação, ou no número de portugueses, nomeadamente jovens, que saíram para procurarem as oportunidades que não lhes foram oferecidas no seu país, ou ainda, dos 82.400 licenciados que ganham menos de 600 € por mês, o que constitui um aumento de 50%, no período da troika, de jovens nessa situação.

Não! Hoje não vou falar desses fracassos!


Hoje vou aqui publicar apenas alguns números, apresentados em Lisboa, no passado dia 22 de Abril, do “Relatório da Crise da Cáritas Europa 2015”:

- São mais de 640.000 portugueses em risco de pobreza entre os mais novos, 25% de jovens entre os 18 e 24 anos, 24,4% entre as crianças.

- Existem agora 3 milhões de pobres no limiar da miséria.

- 27,5% dos portugueses encontram-se em risco de pobreza e exclusão social. Portugal foi o país que teve o maior aumento da taxa de risco de pobreza e exclusão social no último ano, 2014, (um aumento de 2,1 pontos percentuais), em contraciclo com a união europeia.

- A despesa no apoio às famílias com filhos diminuiu em 30%.

- A percentagem de pessoas que não têm qualquer apoio social tem aumentado consideravelmente.

São números diferentes, que não se conseguem aldrabar ou esconder numa qualquer folha de excel!

Porque são números “vivos”, que se sentem no corpo e na “alma”, como duras vergastadas infligidas nas costas de um inocente!

Dos “vergões” profundos ainda escorre "sangue"!

E será tudo isto que o povo português vai julgar no próximo Outono!


E então cada cruz desenhada no boletim de voto transportará, com certeza, toda a dor, toda a raiva, sentidas por cada português ao longo destes últimos quatro anos!