O atual Governo diz-se falsamente social-democrata. Mas obviamente que não é. Social-democrata significa ser de esquerda, como sempre foram Sá Carneiro e António Capucho. Ora o atual Governo é, como se tem visto, de extrema-direita, dirigido por uma coligação populista.
Com efeito, Paulo Portas, que substituiu o CDS por PP (Partido Popular, à espanhola), disse há cerca de um mês ser democrata-cristão, mas dias depois arrependeu-se, como é seu costume.
Virá a ser o que for preciso no momento que mais lhe convier. Mas pobre dele. Ou obedece ao chefe do Governo ou lhe cai em cima tudo o que está em suspenso, no que se refere a submarinos e a tanques. E talvez a outras coisas que a comunicação social não refere, enquanto não receber ordens.
A verdade é que a coligação governamental, sob proteção do Presidente da República, haja o que houver, até ao fim do seu mandato, atua, nas mais pequenas coisas e por menos que goste dos dois dirigentes da coligação, no sentido de os salvar.
O Presidente disse que temos vinte anos (ou mais) à nossa frente sem que possamos fazer nada. Felizmente, engana-se redondamente porque a Europa está em mudança, como começa a ser conhecido, e, apesar de ter tomado o gosto pelas viagens e de ter falado com vários estrangeiros, não percebeu ainda que a Europa da zona euro, como o mundo na sua totalidade, está em mudança acelerada (...)
Mário Soares - DN