O que não convém referir sobre o famoso Ranking

Há algum tempo, foi apresentado e noticiado um pouco por toda a imprensa o Portugal City Brand 2014. Um ranking elaborado pela empresa Bloom Consulting que avalia os 308 municípios tendo em conta dados relativos ao investimento, turismo e qualidade de vida.
Obviamente apressaram-se em congratulações aqueles cujo município estaria bem classificado e em críticas aqueles cujo município estaria numa posição de menor destaque.

Sobre o estudo e a empresa que o realizou, não terei qualquer objeção. O ranking é claro e está descrita taxativamente a forma como os resultados foram alcançados.

O que é de criticar é a relevância que muita gente atribuiu a esta classificação, sem se ter preocupado em ler as 36 páginas deste estudo.
Neste erro, caiu a Coligação Lousada Viva que, de forma recorrente, continua a tratar os assuntos de forma ligeira, sujeitando-se posteriormente à apresentação da totalidade dos factos. Desta vez não houve plágio, mas sim uma opinião pouco condizente com os dados do estudo.

Na última Assembleia Municipal era por demais previsível que surgisse uma crítica derrotista a Lousada por parte da bancada do PSD/CDS. Numa intervenção preparada mas sem qualquer análise cuidada, a “leitura” desta tomada de posição foi demeritória para com o esforço que Lousada tem feito, juntamente com os seus empresários e demais cidadãos.

Parece-me pouco viável, atribuirmos uma importância extrema a um estudo elaborado por uma empresa que “trabalha para diferentes líderes políticos (…) com o objetivo de gerir a marca de cada território”. Ou seja, a sua atividade é gerir a marca dos territórios que contratem os seus serviços. Não estranhamos que quem não seja cliente desta empresa, não esteja muito bem classificado!

Por outro lado, quando emitimos uma opinião, esta deverá ser preparada, sob o risco de ridicularizarmos a mesma.

Parece-me um pouco desadequado, sobrevalorizarmos um ranking que em três variáveis, duas refletem questões facilmente manipuláveis. Por exemplo:

Variável 2 (p.8): “As buscas online (…) são um indicador fiável para compreender o que cada pessoa pensa”.

Variável 3 (p.9): “O critério de avaliação utilizado foi o de que quantos mais seguidores ou Likes (no facebook) um município tem, melhor”.

Referem ainda como Nota: “Os dados para cada Município não se encontram disponíveis no presente documento contudo podem ser adquiridos de forma individual por um valor muito competitivo(…) Caso esteja interessado, contacte-nos.”

No final, na p.34, a Bloom Consulting ainda responde como poderão os municípios melhorar a sua performance no ranking, ou seja, recorrer aos seus serviços!

Quanto a mim, estes são factos de extrema importância. Parece óbvio a qualquer um, que a realidade vertida no documento não primará pela exigência, mas nem isto é suficiente para colocar alguma consciencialização em pessoas que, ávidas por sensacionalismo e ainda não refeitas dos resultados eleitorais, querem continuar com a política do “bota-abaixismo”.

Nelson Oliveira
in: Verdadeiro Olhar