“Governo exibe à Comissão Europeia o menor défice em mais de 40 anos”
(Jornal de Negócios 18.1.2017)
“Portugal e Espanha lideram países da OCDE onde o desemprego mais
desceu em dezembro” (Expresso – 9.2.2017)
“Criação de emprego em Portugal explica 91% da redução do desemprego”
(Expresso 8.2.2017)
“Moscovici (Comissão Europeia): Portugal teve “uma grande melhoria”
(Jornal de Negócios 13.2.2017)
Estas são apenas algumas notícias
recentes acerca da prestação económica do Governo de António Costa que, desde
que tomou posse, conseguiu pela primeira
vez em 40 anos atingir o menor défice da história da democracia ao mesmo
tempo que repunha vencimentos, aumentava o salário mínimo e fazia crescer a
economia.
A geringonça, vista como algo
depreciativo nos primeiros tempos, está efetivamente a resultar e a surpreender
os mais incrédulos setores da sociedade Portuguesa, para malgrado de uma
oposição que anunciava a “vinda do diabo” e até para a Comissão Europeia que
agora até é mais otimista que o próprio Governo – “Bruxelas mais otimista do
que o Governo nas contas para a economia” (RTP 13.2.2017).
A “TINA” (There Is No Alternative), teoria usada no passado pelo Partido
Conservador Britânico e por Margaret Thatcher, foi posta em prática pelo
anterior Governo e até exigida por Bruxelas. Tudo era uma inevitabilidade de
forma a obedecer às metas orçamentais que curiosamente nunca foram cumpridas
até à data. Por incrível que pareça, a inevitabilidade dos cortes deu lugar à
“TIA” (There Is Alternative) -
Alternativa.
Com um início pouco prometedor e
cheio de dúvidas de solidez futura, a base parlamentar do Governo tinha tudo
para correr mal ao fim de um ano. A desconfiança de Bruxelas, um governo
legitimamente formado mas que não tinha vencido as eleições, um país a braços
com (mais uma) crise bancária, uma população esgotada de tanta austeridade e
uma comunicação social agressiva e adversa a soluções governativas à esquerda,
era a mistura explosiva para tudo correr mal. Mas não correu.
O défice foi largamente cumprido. O desemprego baixou consecutivamente.
As exportações subiram. A confiança dos Portugueses aumentou a par do consumo.
Esta é a realidade e há que dar
valor aos nervos de aço de António
Costa que sabe gerir o país de forma firme e convicta, mesmo perante tamanhas
adversidades, avisos, projeções catastrofistas que agora avoca-se ao direito de
criticar o FMI e demais instituições financeiras internacionais por terem
duvidado de Portugal.
Mas nem tudo são “rosas”. Numa
União Europeias a duas velocidades, com a Alemanha a necessitar que os
estímulos do Banco Central Europeu terminem, este poderá ser o “calcanhar de
Aquiles” de Portugal, mesmo estando a cumprir escrupulosamente aquilo que nos é
exigido.
Neste momento nada justifica que
as principais agências mantenham inalterado o rating de Portugal no nível lixo.
É perfeitamente incompreensível que isso não seja alterado, bem como o valor
dos juros do mercado da dívida próximos dos 4% - ainda para mais com a intenção
relevada na passada segunda-feira pela “presidente do IGCP em continuar a pagar
antecipadamente ao FMI”.
Com Trump, Le Pen, Brexit e o
possível fim dos pacotes de compra de ativos do BCE, tudo poderá
complicar-se… e Portugal não poderá fazer nada para o evitar.
Tudo aquilo que depende de nós
está a ser feito. Resta saber o rumo da economia europeia e internacional irá
ajudar.
Nelson Oliveira
In: TVS