Havia um tempo em que um político ao ver-se envolvido num simples e, diga-se, comprovado, conflito de interesses ou atitude pessoal que não fosse consentânea ao cargo que exercia, tinha a plena consciência que se deveria demitir.
António Vitorino em 1997, durante o Governo de António Guterres, foi um dos muitos exemplos dessa prática.
Desde esse tempo para cá, os casos surgem em catadupa e não há consequências políticas a serem retiradas pelos membros do governo, com uma honrosa exceção.
A polémica originada pela Lista VIP é apenas mais um exemplo de que se pode dizer e fazer tudo, aproveitando um cargo político de relevo nacional para colocar em prática procedimentos “pidescos” e sem temer qualquer tipo de consequências.
Durante um Governo em que a Ministra da Justiça afirmava a plenos pulmões que “o tempo da impunidade acabou” e estando o povo à espera de ver alguém detido no universo Espirito Santo (entre outros casos), sabemos que a culpa dos contratos Swaps, das Secretas de Silva Carvalho, de Bernardo Bairrão, da confusão no Citius, os vistos gold, a colocação dos Professores que deixaram alunos sem aulas durante largas semanas, das mortes nas urgências hospitalares, das declarações de Passos, Portas & Cavaco sobre a sustentabilidade do BES, da Tecnoforma e as portas que o “Pedro abria” mesmo não se recordando ter ganho 5000€/mês, os descontos à Segurança Social que não foram feitos (aliás, nem sabia que os deveria fazer mesmo após ter debatido e votado a Lei de Bases da Segurança Social) ou ainda a famosa lista VIP da Autoridade Tributária que não existia mas depois passou a existir; nunca é do Governo.
Parece que a culpa é do funcionário público. Mas não é um funcionário qualquer. É o da base da hierarquia. A culpa de tudo o que se tem passado e do que virá a passar-se é, portanto, do “Porteiro”. Até porque para defender a nata da política Portuguesa temos sempre um Marco António pronto-socorro, com a sua experiência adquirida em dívidas, escândalos e défices na CM VN de Gaia. Um porta-voz impoluto e exemplar.
Ora, nunca havendo ilações a retirar, continua-se a assobiar para o ar apontando o dedo aos outros.
E por fim, num país de cofres cheios de dinheiro emprestado e a serem pagos juros usurários, parece que até já assumem que a dívida é para gerir… quem diria!
Quem diria até, que o mesmo governo que em Março de 2011 dizia que “bastava o PSD ganhar as eleições para os mercados subirem o rating” e tirarem Portugal do “Lixo”, é o mesmo que passados quatro anos, com os cofres cheios, lá vêm dizer que a culpa dos mercados não retirarem Portugal do “Lixo” é da proximidade das Eleições!
Podre democracia em que os políticos e democratas a culpam por existir. Parece que as eleições são um problema para os mercados que, de 2011 a 2015, mesmo sem legislativas, não avaliaram Portugal de forma diferente.
Infelizmente, ainda há gente a pensar à maneira de 24 de abril de 1974. Mas pelo menos nessa altura as pessoas assumiam-se.
Nelson Oliveira
in: Verdadeiro Olhar
António Vitorino em 1997, durante o Governo de António Guterres, foi um dos muitos exemplos dessa prática.
Desde esse tempo para cá, os casos surgem em catadupa e não há consequências políticas a serem retiradas pelos membros do governo, com uma honrosa exceção.
A polémica originada pela Lista VIP é apenas mais um exemplo de que se pode dizer e fazer tudo, aproveitando um cargo político de relevo nacional para colocar em prática procedimentos “pidescos” e sem temer qualquer tipo de consequências.
Durante um Governo em que a Ministra da Justiça afirmava a plenos pulmões que “o tempo da impunidade acabou” e estando o povo à espera de ver alguém detido no universo Espirito Santo (entre outros casos), sabemos que a culpa dos contratos Swaps, das Secretas de Silva Carvalho, de Bernardo Bairrão, da confusão no Citius, os vistos gold, a colocação dos Professores que deixaram alunos sem aulas durante largas semanas, das mortes nas urgências hospitalares, das declarações de Passos, Portas & Cavaco sobre a sustentabilidade do BES, da Tecnoforma e as portas que o “Pedro abria” mesmo não se recordando ter ganho 5000€/mês, os descontos à Segurança Social que não foram feitos (aliás, nem sabia que os deveria fazer mesmo após ter debatido e votado a Lei de Bases da Segurança Social) ou ainda a famosa lista VIP da Autoridade Tributária que não existia mas depois passou a existir; nunca é do Governo.
Parece que a culpa é do funcionário público. Mas não é um funcionário qualquer. É o da base da hierarquia. A culpa de tudo o que se tem passado e do que virá a passar-se é, portanto, do “Porteiro”. Até porque para defender a nata da política Portuguesa temos sempre um Marco António pronto-socorro, com a sua experiência adquirida em dívidas, escândalos e défices na CM VN de Gaia. Um porta-voz impoluto e exemplar.
Ora, nunca havendo ilações a retirar, continua-se a assobiar para o ar apontando o dedo aos outros.
E por fim, num país de cofres cheios de dinheiro emprestado e a serem pagos juros usurários, parece que até já assumem que a dívida é para gerir… quem diria!
Quem diria até, que o mesmo governo que em Março de 2011 dizia que “bastava o PSD ganhar as eleições para os mercados subirem o rating” e tirarem Portugal do “Lixo”, é o mesmo que passados quatro anos, com os cofres cheios, lá vêm dizer que a culpa dos mercados não retirarem Portugal do “Lixo” é da proximidade das Eleições!
Podre democracia em que os políticos e democratas a culpam por existir. Parece que as eleições são um problema para os mercados que, de 2011 a 2015, mesmo sem legislativas, não avaliaram Portugal de forma diferente.
Infelizmente, ainda há gente a pensar à maneira de 24 de abril de 1974. Mas pelo menos nessa altura as pessoas assumiam-se.
Nelson Oliveira
in: Verdadeiro Olhar