Os ideólogos do velho regime estão a tentar, uma vez mais, vender-nos o fim do acordo à esquerda, procurando criar artificialmente a instabilidade que o sistema financeiro não lhes fez ainda o favor de criar. Os blogues afectos ao “Tea Party” nacional, onde se inclui o blogue travestido de jornal que congrega parte significativa da fina flor que inspirou o ministério de propaganda pafista, querem que acreditemos que a votação do orçamento rectificativo representa o início do fim do acordo entre PS, BE, PCP e PEV. Como se o PSD não estivesse forçado a no mínimo abster-se da solução apresentada para a borrada que fez no governo, e com a qual o seu líder afirmou concordar. Como se os partidos à esquerda do PS fossem telecomandados como os deputados do PSD e do CDS-PP o foram durante a vigência do anterior governo. Como se esses mesmos partidos de esquerda, cientes do sentido de voto do PSD, não soubessem de antemão que poderiam juntar o melhor de dois mundos e agradar ao seu eleitorado ao passo que nada de grave se passava com o seu parceiro governamental.
Sobre o sucedido, atentem nas palavras de André Azevedo Alves, em artigo publicado no blogue-jornal oficial da direita:
Bastou o colapso do Banif para todas as garantias de durabilidade e estabilidade da coligação de esquerda colapsarem com ele. Afinal, o Presidente da República tinha mesmo boas razões para ter dúvidas sobre o grau de entendimento e compromisso entre PS, PCP e BE relativamente à “aprovação dos Orçamentos do Estado” e à “estabilidade do sistema financeiro”.
Eis a propaganda de guerrilha em todo o seu esplendor. O voto contra de BE, PCP e PEV no orçamento rectificativo significa, para o autor, o colapso de todas as garantias de durabilidade e estabilidade do acordo de esquerda. Todas. Não escapa uma. É o fim, a tragédia, o horror, a catástrofe, o dilúvio e o meteorito que destrói parte significativa da vida no planeta. É a profecia da desgraça com o alto patrocínio de elementos-chave na eleição de Cavaco Silva a presidente da República ou de Pedro Passos Coelho a chefe do governo. “Nomes ligados ao PSD lançam jornal digital” podia ler-se no Jornal de Negócios, por altura do lançamento do Observador. A Fox News do PàF como alguém lhe chamou um dia. O ministério da propaganda do velho regime. Velho, velho dos tempos da União Nacional.
in: Aventar